Funcionários e aposentados de estatais fazem barulho contra uso de fundos de pensão no Novo PAC
2024-10-28
Autor: Mariana
A polêmica surge com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planejando utilizar recursos dos fundos de pensão de empresas estatais, como Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa) e Postalis (Correios), para obras do Novo PAC. Essa manobra resultou em um manifesto de protesto lançado por funcionários e aposentados das estatais.
Com reportagens do Estadão trazendo à luz essa preocupação, o manifesto destaca um temor de interferência política na gestão patrimonial dos fundos, que já enfrentaram perdas em anos anteriores. Atualmente, esses fundos acumulam cerca de R$ 510 bilhões, e quase 25 mil participantes se uniram ao protesto.
Entre os fundos, apenas Postalis e Funcef responderam aos questionamentos da Gazeta do Povo, optando por não comentar sobre o manifesto. O documento foi lançado no final de agosto e ecoa a preocupação levantada pela Associação Nacional Independente dos Participantes e Assistidos da Funcef (Anipa), que fez um alerta público sobre o uso imprudente de recursos.
"O PAC é crucial para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, promovendo infraestrutura que impacta a vida de milhões. Porém, qualquer iniciativa envolvendo fundos de pensão deve ser tratada com cautela extrema e total transparência. Esses recursos são dos trabalhadores e aposentados da Caixa," indicou a Anipa.
Um vídeo circulando em grupos de mensagens traz Edvaldo Souza, participante da Previ e presidente da Apaprevi, argumentando que os fundos não devem servir para financiar obras públicas, mas sim para garantir aposentadorias. Na reunião realizada em agosto entre o governo e presidentes dos fundos de pensão, o objetivo foi persuadi-los a investir no Novo PAC, uma estratégia que apresenta riscos diante da falta de recursos orçamentários governamentais.
Souza deixou claro: "Nossos recursos são para garantir aposentadorias e devem ser investidos em ativos seguros, com boa rentabilidade e liquidez. Aplicações em infraestrutura já causaram danos financeiros no passado, e sabemos disso."
O manifesto é uma demonstração de descontentamento e indignação com a possível intromissão do governo nas decisões dos fundos de pensão. Os assinantes do documento enfatizam que investimentos em obras públicas com retorno incerto podem colocar em risco a sustentabilidade financeira dos fundos. "Não podemos aceitar interferências, especialmente quando o passado já nos ensinou que esses atos trazem danos significativos," reforçam os manifestantes.
Detalhando ainda mais as preocupações, eles recordam casos de investimentos mal-sucedidos, como no caso da Sete Brasil, relacionada ao escândalo do petróleo, onde o Previ investiu R$ 180 milhões e retornou apenas R$ 190 milhões ao longo de dez anos – um retorno decepcionante de 5,5%.
Por fim, a Anipa reiterou a necessidade de que o uso dos recursos siga princípios de segurança, rentabilidade e transparência. É essencial que toda decisão sobre investimentos seja amplamente discutida com todos os envolvidos, incluindo trabalhadores, aposentados e suas representações, para evitar futuras crises e proteger os interesses de todos os participantes.