Em um evento contundente que ocorreu na última sexta-feira (18) em Bogotá, o chefe dos jesuítas na Colômbia, Hermann Rodríguez, fez declarações alarmantes sobre casos de abuso sexual que remontam à década de 1970. Rodriguez confirmou que um sacerdote da comunidade, identificado como Darío Chavarriaga, abusou sexualmente de pelo menos oito crianças, incluindo Luis Fernando Llano e suas irmãs.

Luis Fernando, que havia denunciado os abusos em 2014 para o então líder jesuíta na Colômbia, Francisco de Roux, expôs sua frustração ao afirmar que nada foi feito, sobrou apenas silêncio e impunidade. A história foi trazida à tona em um fórum sobre pedofilia realizado pela Companhia de Jesus, revelando um problema que assola a Igreja Católica, não apenas na Colômbia, mas em várias partes do mundo.

Rodríguez admitiu que seu antecessor estava ciente dos abusos, mas nada fez para levar Chavarriaga à Justiça. "Os abusos são inegáveis e o silêncio ao redor deles é inaceitável", disse Rodríguez à W Radio, enfatizando a necessidade de accountability dentro da Igreja. Ele revelou que, embora Chavarriaga tenha sido afastado de seu cargo na Universidade Javeriana e colocado em uma casa sob vigilância, as vítimas ainda esperam justiça.

O escândalo ainda se intensifica ao lembrar que os abusos ocorreram no Colégio São Bartolomeu, uma instituição de renome na capital colombiana, onde as crianças se sentiam seguras e protegidas, mas foram submetidas a um histórico de traição de confiança.

Ana Rosa Llano, irmã de Luis Fernando, também relatou suas experiências angustiantes. "Ele nos fazia sentar em seu colo e cometia abusos que nenhuma criança deveria sofrer. Lembro até hoje das sensações de desconforto e medo que sentia", contou Ana, ressaltando a profundidade do trauma causado por esses atos.

Francisco de Roux, que foi presidente da Comissão da Verdade na Colômbia, respondeu às acusações alegando que tomou as medidas canônicas possíveis na época. No entanto, a falta de ação judicial levanta questões preocupantes sobre como a hierarquia da Igreja lida com tais crimes. A situação é ainda mais sombria, considerando que pelo menos seis sacerdotes na Colômbia foram condenados por abuso sexual de menores nos últimos anos.

Em um contexto mais amplo, a renúncia de Hans Zollner de uma comissão do Vaticano sobre abusos mostra um padrão de descontentamento entre os especialistas que tentam promover mudanças dentro da Igreja, enfrentando a resistência de estruturas consolidadas e, muitas vezes, profundas.

Esses casos sublinham a urgência de reformas estruturais na Igreja Católica, e a necessidade de um espaço seguro para que as vítimas possam se manifestar e buscar justiça. O momento de transformação e responsabilidade é agora!