Saúde

"Fui diagnosticada com Parkinson aos 31 anos: a luta diária contra a rigidez muscular e como enfrento essa doença"

2024-09-23

Sary, uma administradora de empresas de 39 anos, revela a difícil jornada que começou quando foi diagnosticada com Parkinson aos 31 anos. Moradora de São José dos Pinhais (PR), ela relata que desconfiava da doença e chegou a passar por quatro neurologistas antes de aceitar a realidade. "Brincava que meu tremor parecia Parkinson, mas nunca imaginei que poderia ter a doença tão jovem", confessa.

A história familiar de Sary inclui um avô materno e um tio paterno que também enfrentaram a enfermidade, mas em idades mais avançadas. Com o passar dos anos, o quadro de Sary evoluiu rapidamente, levando a rigidez dos músculos e tremores a piorarem. "Meu tremor começou no braço esquerdo, depois afetou a perna do mesmo lado e agora já envolve o lado direito também", explica.

Apesar da dificuldade, Sary adapta seu cotidiano. Com a mão trêmula, consegue tomar café usando menos líquido, mas às vezes não consegue abrir uma garrafa térmica devido à rigidez.

Para aliviar os sintomas, ela toma um coquetel de medicamentos a cada 3 horas, incluindo levodopa e cloridrato de benserazida. No entanto, mesmo com a medicação, os sintomas não desaparecem completamente. Em momentos difíceis, especialmente devido a flutuações hormonais ou estresse emocional, Sary se vê arrastando a perna esquerda para andar.

Os efeitos colaterais dos medicamentos também têm impacto na vida de Sary, levando ao que chamam de discinesia, que causa movimentos involuntários. "Às vezes, fico parecendo um boneco de posto de gasolina chacoalhando ao vento", lamenta.

Além disso, Sary enfrenta dificuldades para dormir e lida com episódios de desequilíbrio. "Antes da doença, eu trabalhava normalmente. Hoje, quando o remédio não faz efeito, muitas vezes não consigo nem tomar banho", relata, ressaltando que precisa se sentar e esperar a medicação surtir efeito.

Apesar de todos os desafios, Sary busca manter uma atitude positiva. Ela faz piadas sobre sua condição e decidiu criar um diário no Instagram para compartilhar suas experiências e conectar-se com outras pessoas que enfrentam o mesmo diagnóstico. "Eu me recuso a ficar desanimada. Penso que cada dia é uma página em branco, e quero preenchê-la da melhor forma possível", comenta.

Sary participa de um grupo de apoio para mulheres com Parkinson, onde compartilham desafios e informações. "São cerca de 60 mulheres de várias partes do Brasil e até do exterior. Essa troca é fundamental para enfrentarmos a doença juntas", comenta.

A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa que afeta a produção de dopamina no cérebro, dificultando ações motoras e a fala. Embora comumente diagnosticada em adultos acima de 50 anos, o Parkinson pode se manifestar em idades mais jovens, como no caso de Sary, que se encaixa na categoria de 'Parkinson juvenil'.

Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem movimentos lentos, rigidez muscular, tremor e dificuldades de postura. Sintomas não motores, como alterações no sono e problemas psiquiátricos, também são comuns e muitas vezes podem dificultar o diagnóstico, que é frequentemente realizado apenas com base nos sintomas motores.

O médico neurocirurgião Maurício Marchiori explica que a fase inicial da doença pode ser enganosa. "Os sintomas motores muitas vezes aparecem muito tempo depois que a doença realmente começa a desenvolver, e é crucial observar também os sinais não motores durante a avaliação do paciente", enfatiza.

Além disso, estudos revelam que as mulheres podem enfrentar barreiras adicionais no diagnóstico, resultando em demora na identificação dos sintomas do Parkinson, que às vezes são confundidos com outras condições, como transtornos de ansiedade e depressão. Isso destaca a importância de uma investigação minuciosa para garantir que todos os aspectos da saúde da paciente sejam considerados.