Mundo

Modelo trans é assassinada em um contexto de crescente violência contra LGBTQIA+ na Geórgia

2024-09-20

Kesaria Abramidze, uma modelo trans de 37 anos, foi brutalmente assassinada a facadas em seu apartamento na Geórgia, apenas um dia após o país aprovar uma lei que restringe os direitos da população LGBTQIA+. Esse trágico incidente ocorreu na quarta-feira, 18 de outubro, e gerou uma onda de indignação e temor entre ativistas dos direitos humanos.

O principal suspeito do crime é o namorado da vítima, que foi preso e está sob investigação. Autoridades locais classificaram o ato como um "assassinato premeditado, cometido com especial crueldade e agravado por questões de gênero". Segundo a imprensa, o caso levanta preocupações sobre a misoginia e a transfobia que ainda persistem na sociedade georgiana.

Kesaria Abramidze, que contava com mais de 500 mil seguidores no Instagram, foi uma figura importante na luta pelos direitos LGBTQIA+ no país, sendo a primeira pessoa a se assumir publicamente como transgênero na Geórgia. Em 2018, ela representou seu país no concurso internacional Miss Trans Star, destacando-se como uma poderosa voz de resistência e inclusão.

O assassinato de Kesaria foi rapidamente vinculado ao clima político tenso após a aprovação da nova legislação que promove "valores familiares" e tem sido criticada por organizações de direitos humanos. O partido governante, Sonho Georgiano, possibilitou a censura de manifestações públicas, como a exibição da bandeira do arco-íris, além de limitar a distribuição de conteúdos LGBTQIA+ em filmes e livros.

Ativistas do Centro de Justiça Social alertaram sobre a relação direta entre o discurso de ódio utilizado na política e o aumento da violência contra a comunidade LGBTQIA+. Eles afirmaram: "Durante quase um ano, o governo usou agressivamente uma linguagem homofóbica, bifóbica e transfóbica, alimentando um clima de hostilidade".

A presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, descreveu o assassinato como "horroroso" e pediu uma reflexão urgente da sociedade sobre os direitos humanos. Em uma declaração forte, ela se manifestou contra a nova lei e se comprometeu a vetá-la, ressaltando a necessidade de proteção e respeito à diversidade.

Esse trágico episódio evidencia não apenas a luta contínua pelos direitos da comunidade LGBTQIA+, mas também a urgente necessidade de uma mudança social na Geórgia para garantir a segurança e dignidade de todos os cidadãos, independentemente de sua identidade de gênero ou orientação sexual.