Ana Cristina, filha do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, entrou com um pedido à 12ª Vara Federal do Distrito Federal para desbloquear os R$ 58 milhões que possui em contas bancárias na Suíça. Após ser absolvida das acusações relacionadas à Operação Lava Jato, sua defesa argumenta que os valores não deveriam estar bloqueados, uma vez que ela não foi condenada. A Justiça ainda não se pronunciou sobre o pedido.

No requerimento feito à Receita Federal, Ana Cristina divulgou que possui duas contas no Credit Suisse, em nome de empresas offshore, somando cerca de US$ 12 milhões, que ao serem convertidos para reais resultam em aproximadamente R$ 58 milhões. Contudo, para que o dinheiro seja trazido de volta ao Brasil, será necessário que ela pague impostos e multas que totalizam R$ 17 milhões, conforme os cálculos da Receita.

Durante as investigações da Lava Jato, a defesa de Ana Cristina sempre negou que ela tenha recebido pagamentos ilegais através de contas no exterior. O programa de repatriação de valores foi instituído pelo então presidente Michel Temer em 2016, e uma das condições para a repatriação é que os valores tenham origem lícita. O almirante Othon e Ana Cristina chegaram a ser denunciados juntos, mas todos foram absolvidos.

Caso a Justiça autorize o desbloqueio, os valores ainda estarão sujeitos a restrições em dois outros processos que tramitam contra Ana Cristina na Justiça Federal do Rio de Janeiro.

A defesa ressaltou que a decisão de solicitar a repatriação é de natureza técnica e busca regularizar a situação com o pagamento dos impostos devidos. Segundo o advogado Fernando Augusto Fernandes, Ana Cristina nunca teve acesso aos valores das contas na Suíça e sustenta que a origem dos recursos é lícita.

"Temos a convicção de que a origem dos fundos será debatida nos processos em trâmite. Precisávamos fazer esse pedido para facilitar o pagamento dos impostos e garantir que o valor possa retornar ao Brasil, onde ficará disponível para discussão legal", afirmou o advogado.

Aprenda mais sobre o Almirante: Othon Luiz Pinheiro da Silva, 85 anos, é reconhecido por sua contribuição ao desenvolvimento do programa nuclear brasileiro. Ele chefiou um projeto que visava implementar a tecnologia para transformar urânio em energia elétrica durante seu tempo na Marinha. Após se aposentar em 1994, Othon assumiu a liderança da Eletronuclear, responsável pela operação das usinas nucleares no Brasil. Sua notoriedade aumentou ao ser investigado por ter recebido pagamentos de empresas que firmaram contratos com a estatal.

O almirante Othon foi condenado a 43 anos de prisão, uma das punições mais severas durante as investigações da Lava Jato, mas teve sua pena reduzida. Essa história ainda se desdobra, e o futuro de Ana Cristina, assim como a reputação de seu pai, permanece incerto.