
Filas por consultas e exames pelo SUS em Porto Alegre chegam a níveis alarmantes
2025-04-02
Autor: Gabriel
A situação das filas para consultas e exames pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Porto Alegre chegou a um ponto crítico, com os números atingindo os maiores patamares dos últimos quatro anos. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em fevereiro de 2025, mais de 206 mil pessoas aguardavam por consultas e cerca de 167 mil por exames, com a espera podendo ultrapassar impressionantes 2 mil dias.
Este cenário caótico revela um desafio histórico para a administração da Capital, que também enfrenta a superlotação na saúde pública. Os dados disponíveis no Portal da Transparência indicam que há 206.267 pedidos de consultas especializadas em aberto, incluindo atendimentos médicos e odontológicos. Destas, 18.108 são de pacientes de outras cidades, refletindo um aumento preocupante de 19,6% em relação ao ano passado.
As repercussões da espera são alarmantes, pois muitos examinados precisam de diagnósticos rápidos para iniciar tratamentos críticos. A demanda por exames é igualmente preocupante, com 167.305 pedidos, entre simples e complexos.
Desde outubro de 2021, o número de encaminhamentos para consultas ultrapassou os 100 mil, e para exames, o crescimento significativo começou em 2022, saltando de 65 mil para mais de 100 mil solicitações.
Um dos fatores que mais impacta a saúde pública é a oftalmologia, que lidera a lista de especialidades com alta demanda. Com 47.766 pedidos abertos, esse setor representa 23,1% do total de solicitações. Os tempos de espera são assustadores, com alguns casos, como o de consultas de estrabismo, chegando a 2.037 dias.
Pacientes como Arthur, de 8 anos, que aguarda desde agosto de 2024 uma consulta com neurologista, exemplificam as angústias enfrentadas. Ele está sendo avaliado para Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, dentre outras condições, e sua avó expressa preocupação ao mencionar que já contatou a secretaria de saúde sem resultados efetivos.
Além dele, Lúcia, uma diarista de 46 anos, conta sobre sua experiência angustiante em relação à saúde dos joelhos. Após uma primeira consulta em setembro, o retorno foi agendado para janeiro de 2025, mas não ocorreu, agora remarcado para 2026. A situação de Lúcia reflete a dor e o sofrimento de muitos que esperam por diagnósticos e tratamentos.
Destes 167.305 pedidos de exames, 58.028 são para radiografias simples, e em fevereiro, foram agendadas pouco mais de 5 mil. A tomografia, por sua vez, possui 20.453 solicitações em aberto, o que demonstra a crescente necessidade de exames que garantam diagnósticos precisos.
A Secretaria Municipal de Saúde garantiu que está avançando na expansão da rede hospitalar e na redução das filas, com ações concretas, como a reabertura de leitos no Hospital Santa Ana e novos serviços para atender a demanda na oftalmologia. Contudo, os pacientes e suas famílias continuam aguardando por soluções efetivas.
Além das medidas existentes, o governador Eduardo Leite se reuniu com o prefeito Sebastião Melo para discutir ações emergenciais, aumentando os recursos para unidades de saúde e priorizando a assistência a pacientes em situação crítica. No entanto, a realidade atual das filas e esperas longas ainda gera angústia e incerteza entre os cidadãos, que clamam por uma resposta efetiva da administração pública.