Ciência

Exercício Físico Transforma a Vida de Pacientes com Câncer de Mama: Descubra Como!

2024-10-01

Ao receber o diagnóstico de câncer de mama aos 33 anos, Mariana Basaglia enfrentou uma dura realidade. Incapaz de se levantar da cama sem assistência devido à metástase óssea, sua qualidade de vida parecia ter chegado ao fim. Entretanto, após iniciar o tratamento oncológico que incluía hormonioterapia e radioterapia, ela foi incentivada a reintegrar exercícios físicos à sua rotina, o que a levou a retomar sua autonomia.

No início de 2023, quando foi diagnosticada, Mariana iniciou um intenso tratamento para reduzir a dor e erradicar as células cancerígenas que afetavam seus ossos. Após dois meses, recebeu a autorização médica para iniciar atividades físicas. "Procurei um personal trainer e disse: ‘Preciso reaprernder a levantar das coisas’, como se eu não tivesse mais força no abdômen", relembra.

Ao retomar sua mobilidade, Mariana também conseguiu recuperar três centímetros de altura que havia perdido devido ao tumor ósseo, alcançando novamente os 1,71 m. A prática regular de musculação e bicicleta ergométrica notavelmente aliviou a fadiga e as náuseas causadas pelos tratamentos, proporcionando um grande alívio ao final de cada dia.

A luta de Mariana não se limitará à cura do câncer, uma vez que ele é metastático, significando que não há cura definitiva. O foco agora é manter sua qualidade de vida e impedir que a doença se dissemine ainda mais.

Estudos científicos têm corroborado a experiência de Mariana. Uma pesquisa recém-divulgada na Nature Medicine englobou 357 pacientes de câncer de mama metastático, revelando que a prática regular e supervisada de exercícios físicos não apenas reduziu os níveis de fadiga, mas também melhorou consideravelmente a qualidade de vida das participantes. O programa envolveu treinos personalizados duas vezes por semana, combinando resistência, aeróbicos e exercícios de equilíbrio.

A oncologista Bruna Zucchetti, especialista em câncer de mama no Hospital Nove de Julho, enfatiza que a atividade física é crucial para manter o peso corporal e a massa muscular, evitando a progressão do tumor. "As pacientes precisam estar ativas para realizarem suas atividades diárias durante o tratamento", explica.

Mas o impacto positivo dos exercícios não se limita ao tratamento do câncer; eles também podem prevenir um fenômeno conhecido como chemobrain, que causa lapsos de memória e dificuldade de concentração. A prática regular de atividades físicas pode ser o antídoto ideal contra esse efeito colateral.

Outro desafio enfrentado por pacientes é a menopausa precoce, que muitas vezes os tratamentos de câncer provocam. "Os sintomas da menopausa podem ser mais intensos que a própria doença", afirma Bruna, citando ondas de calor, secura vaginal e alterações de humor como queixas comuns. Mariana mesmo experimentou esse fenômeno, mas conseguiu controlar os sintomas por meio de musculação e aeróbicos.

Pacientes que superaram o câncer relatam melhorias significativas em suas vidas. Anne Bellacosa, diagnosticada com câncer de mama aos 45 anos, utiliza pilates e pedaladas dominicais para combater a rigidez articular resultante da menopausa precoce. "Graças aos exercícios, acordo menos rígida e consigo me mover com mais facilidade", compartilha.

A recomendação médica é clara: as Sociedades Brasileira e Americana de Oncologia Clínica sugerem a prática de 150 minutos de atividade física semanal, incorporando tanto musculação quanto exercícios aeróbicos. Renata Arakelian, oncologista do Hospital Santa Paula, destaca que os benefícios da musculação têm um impacto vital na qualidade de vida das mulheres.

Os fisioterapeutas, como Juliana Morelli do Hospital Sírio-Libanês, reforçam que exercícios aeróbicos são fundamentais durante o tratamento oncológico, pois elevam os níveis de energia e podem suavizar a dor. Alongamentos e pilates também são cruciais, especialmente para as mulheres que se recuperam de cirurgias e radioterapias.

Para aquelas que passaram por mastectomia, uma rotina de exercícios é não apenas benéfica, mas essencial. O cuidado deve ser intensificado, principalmente em relação à intensidade dos exercícios. Renata alerta que a musculação no braço operado deve ser feita de maneira cautelosa, respeitando o período de cicatrização. A construção de massa muscular ajuda a reduzir o risco de linfedema, ou inchaço no braço.

O exercício físico, portanto, se revela um componente vital na jornada de recuperação de mulheres que enfrentam o câncer de mama. Além de proporcionar benefícios físicos, as atividades ajudam a restaurar a autoestima, promovendo uma vida mais ativa e satisfatória.