Excesso de Telas em Crianças: Sintomas que Podem Confundir o Diagnóstico de Autismo?
2025-01-11
Autor: Pedro
O uso excessivo de telas por crianças pode estar relacionado ao aparecimento de sintomas semelhantes ao autismo?
O relato de uma mãe
Nadia David Peres, mãe de um menino de três anos chamado Breno, viveu isso na pele. Entre sua rotina de médica e os cuidados com o filho, ela encontrou a solução rápida de deixar Breno assistindo desenhos por cerca de seis horas por dia. Essa prática, embora funcional para seu trabalho, acabou levando a consequências inesperadas.
Mudanças comportamentais
Em março deste ano, uma carta da escola alertou Nadia sobre comportamentos que lembravam sintomas comuns do autismo: falta de contato visual, agressividade, dificuldades de concentração, recusa a certos alimentos e birras frequentes. Embora já tivesse notado esses comportamentos em casa, a carta foi um chamado à ação.
Decisão radical
Após consultar uma neuropediatra, Nadia decidiu cortar totalmente a exposição do filho a dispositivos eletrônicos. O resultado foi surpreendente: em apenas duas semanas, Breno passou a interagir mais, a ter menos crises e a comer de forma mais variada. "A melhora foi de 70%", afirma a mãe.
Relatos similares e a preocupação dos especialistas
Recentemente, diversos relatos de pais têm emergido, com casos similares ao de Breno, em que o excesso de telinhas trouxe impactos negativos na socialização e no desenvolvimento das crianças. O impacto do tempo excessivo em frente a telas é uma preocupação crescente entre especialistas, que observam que o comportamento das crianças muda significativamente quando a exposição é limitada.
Autismo e o uso de telas
A neuropediatra Anderson Nitsche, do Hospital Pequeno Príncipe em Curitiba, aponta que o autismo é caracterizado pela dificuldade na socialização e comportamentos repetitivos. O uso excessivo de telas, segundo Nitsche, pode afetar essas habilidades e desencadear comportamentos similares ao autismo.
Impactos emocionais
A psicóloga e neurocientista Mayra Gaiato, de São Paulo, enfatiza que, embora as telas não causem autismo, a exposição excessiva pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades sociais. "O contato com as telas libera dopamina, que em excesso pode causar dificuldades de interação e problemas emocionais", explica. Isso é particularmente preocupante em crianças pequenas, que precisam de experiências diretas no mundo real para desenvolver socialização.
Estudos e evidências
Estudos revelam que uma exposição prolongada aos conteúdos audiovisuais pode estar associada a diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles concluiu que adolescentes que passaram tempo em acampamentos sem telas mostraram uma melhora significativa em suas habilidades sociais.
Recomendações sobre o uso de telas
Apesar dos alertas, a verdade é que as telas fazem parte do cotidiano moderno. As recomendações da Academia Americana de Pediatria orientam que crianças menores de 18 meses devem evitar telas, exceto videochamadas supervisionadas. Para crianças entre 2 e 5 anos, o tempo deve ser limitado a uma hora por dia.
Como garantir uma relação saudável com as telas?
A questão é: como garantir uma relação saudável com as telas? Nitsche sugere que os pais doem o exemplo ao reduzir seu próprio uso de telas e incentivem atividades familiares. Assumpção propõe que as famílias adotem uma única televisão para interação e discussão sobre os conteúdos assistidos.
O anseio de uma mãe
Nadia Peres anseia que mais pais tomem consciência sobre o uso das telas e seus impactos na saúde e no desenvolvimento de seus filhos, permitindo que as crianças cresçam em um ambiente em que o contato social e a interação sejam prioridade. O que parece claro é que, ao eliminar ou reduzir as telas, muitos podem observar uma melhora significativa no comportamento de seus filhos. Será que você está pronto para essa mudança?