Ex-esposa revela que autor de atentado ficou enlouquecido após derrota de Bolsonaro
2024-11-15
Autor: Fernanda
RIO DO SUL, SC - O atentado em Brasília, ocorrido na noite de quarta-feira (13/11), teve como autor Francisco Wanderley Luiz, conhecido como "Franças", que nunca tinha demonstrado interesse pela política até os últimos anos, após a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder em 2019.
Margarete Versino, ex-esposa de Franças e cuidadora de 57 anos, casou-se com ele no final da década de 1980. Juntos, tiveram dois filhos e viveram por 17 anos. Em uma entrevista recente, Margarete destacou que a mudança de comportamento de Franças começou após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, quando ele pareceu perder o controle: "Nunca se envolveu com política. Era outra pessoa. E quando o Bolsonaro perdeu, ele enlouqueceu."
Ela contou que a indignação dele se intensificou, levando a comportamentos fanáticos. "Quando nossa filha esteve no Brasil, em julho, ele falava muito sobre as pessoas presas por conta dos eventos do 8 de janeiro de 2023. Tentamos falar com ele sobre a necessidade de mudar, inclusive discorremos sobre questões espirituais, mas ele só queria discutir política."
Margarete não sabe se Franças estava envolvido diretamente nos atos golpistas deste ano, mas acredita que a mudança dele para Brasília foi uma tentativa de escapar dos problemas pessoais que enfrentava em Rio do Sul, especialmente uma separação tumultuada com Daiane Dias, sua segunda companheira.
Em um depoimento à Polícia Federal no dia anterior ao atentado, Daiane relatou que o plano de Franças era assassinar o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Contudo, Margarete questionou a veracidade dessa afirmação, defendendo que Franças era "uma pessoa do bem" e que seu ato de violência resultou de problemas pessoais mais profundos.
"Ele sempre foi um pai maravilhoso. Nossos filhos estão em choque com o que aconteceu. A nossa filha missionária, que vive na Tailândia, e o nosso filho engenheiro mecânico, de 34 anos, estão tentando lidar com essa tragédia. E todos nós nos culpamos, de alguma forma, por não termos percebido o quanto ele havia mudado," disse Margarete, que revelou que a mãe de Franças, de 89 anos, está em estado crítico e teve que ir ao médico duas vezes desde o incidente.
A família está em busca de um advogado em Brasília e aguarda a liberação do corpo para o sepultamento, um processo que se tornou difícil e doloroso após o que ocorreu. "A gente nunca esperava isso dele. é um choque aceitar um fim tão trágico e abrupto para alguém que foi tão querido," lamentou. A história de Franças levanta questões profundas sobre os efeitos do extremismo político na saúde mental e nas relações pessoais e serve como um alerta sobre como mudanças drásticas no ambiente político podem influenciar o comportamento humano.