Nação

Evandro Teixeira, ícone do fotojornalismo brasileiro, falece aos 88 anos no Rio de Janeiro

2024-11-04

Autor: Carolina

Falece o fotógrafo Evandro Teixeira, aos 88 anos

Evandro Teixeira, uma das figuras mais proeminentes do fotojornalismo no Brasil, faleceu nesta segunda-feira (4), aos 88 anos, em um hospital na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. A causa da morte foi falência múltipla de órgãos, resultante de complicações de uma pneumonia.

Com uma carreira brilhante, marcada por prêmios e reconhecimentos, Evandro foi responsável por algumas das mais indeléveis imagens da história do Brasil e do mundo. Ele deixa sua esposa Marli, com quem compartilhou 60 anos de vida, além de duas filhas e três netas.

O corpo de Evandro será velado em uma cerimônia aberta na Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio, na terça-feira (5), das 9h às 12h. A comunidade se despede de um verdadeiro mestre das lentes.

Uma carreira premiada e histórica

Nascido em 1935, na Bahia, Evandro deixou sua cidade natal, Irajuba, para buscar a fotografia como seu propósito de vida. Foi para o Rio de Janeiro em 1957, portando uma carta de recomendação que o colocou na equipe do Diário da Noite.

Após essa passagem, sua carreira deslanchou no Jornal do Brasil, onde trabalhou por impressionantes 47 anos, consagrando-se como uma das maiores referências em fotojornalismo brasileiro. Durante a segunda metade do século XX, ele registrou eventos cruciais, como o golpe militar de 1964, com habilidade e coragem.

A icônica foto que capturou os militares em contraluz sob a chuva no dia seguinte ao golpe ainda ressoa como um testemunho do poder da imagem em tempos de turbulência. Ele revelava a realidade brutal da repressão, sempre buscando registrar a luta por direitos e liberdade.

Imagens que marcaram época

Evandro Teixeira imortalizou momentos emblemáticos, como a Passeata dos 100 Mil em 1968 e a repressão policial em várias manifestações. Suas fotos serviram para documentar as violações de direitos humanos que ocorreram sob a ditadura militar, se tornando parte da memória coletiva do Brasil.

Uma das imagens mais impactantes de sua carreira mostra um estudante ferido durante a Sexta-feira Sangrenta. Essa foto circulou recentemente com informações erradas, reafirmando a importância de sua obra e a necessidade de manter viva a memória histórica.

A luta pela verdade não ficou restrita ao Brasil. Em 1973, durante o golpe militar no Chile, Evandro registrou cenas de brutalidade e desespero, especialmente no Estádio Nacional, onde prisioneiros políticos eram mantidos. Suas fotos se tornaram um testemunho valioso das violações de direitos humanos nesse período sombrio.

Através de sua lente, Evandro também fez a última homenagem ao poeta Pablo Neruda, capturando momentos imortais do luto e resistência cultural no Chile.

Legado eterno

Evandro Teixeira deixou um legado inestimável. Suas obras foram parte de importantes exposições e campanhas, incluindo a recente mostra 'Evandro Teixeira, Chile, 1973', que emocionou centenas no CCBB do Rio. Seus registros não são apenas fotografias; são narrativas visuais que nos conectam ao passado e nos instigam a refletir sobre o presente.

A contribuição de Evandro ao fotojornalismo e à luta pela verdade e justiça será lembrada e celebrada por gerações.