A Invasão do Panamá e suas Lições

Em 20 de dezembro de 1989, os Estados Unidos invadiram o Panamá sob a justificativa de combater o narcotráfico, chamando o ditador Manuel Noriega de traficante em um discurso icônico. Mesmo com a destituição de Noriega, analistas alertam que uma ação semelhante na Venezuela é improvável. Robert Muggah, do Instituto Igarapé, ressalta que a Venezuela enfrenta um cenário diferente, com uma milícia fortemente organizada que pode mobilizar milhares de pessoas.

Diplomacia Coercitiva em Ação

A estratégia americana hoje mais se assemelha a uma diplomacia coercitiva, com os EUA mirando diretamente no regime de Maduro. A história de intervenções americanas na América Latina se repete, lembrando a Doutrina Monroe, que buscava eliminar influências estrangeiras e estabelecer a hegemonia americana no continente.

A Revolução Bolivariana de Chávez

Desde a chegada de Hugo Chávez ao poder em 1999, a desconfiança em relação aos EUA se consolidou na Venezuela. Após uma tentativa de golpe em 2002, Chávez criou a Milícia Nacional Bolivariana para aumentar sua capacidade de defesa, temendo novas intervenções. Sua filosofia refletiu uma lição amarga da história da América Latina, onde presidentes progressistas foram derrotados por intervenções estrangeiras.

Mudanças no Cenário Latino-Americano

Nos últimos anos, governos de esquerda têm ampliado suas alianças com potências como a Rússia e a China, minando a influência dos EUA. Enquanto isso, Washington se concentrou em questões do Oriente Médio e na chamada Guerra ao Terror.

Foco no Combate ao Narcotráfico

A luta contra o narcotráfico tem sido a desculpa dos EUA para manter operações militares na região. Com o Plano Colômbia e ações em vários países, a presença militar americana permanece robusta, mas a pressão desproporcional sobre a Venezuela intrigou especialistas como Carolina Pedroso, da Unifesp.

Interesses Eleitorais de Trump

Para Robert Muggah, a vontade de Trump em demonstrar resultados imediatos à sua base eleitoral influencia as ações dos EUA na Venezuela. Muggah acredita que a tentativa de apoiar a oposição pode levar a uma mudança de regime, embora o caminho seja repleto de incertezas.