A energia termossolar concentrada (CSP) teve seu início nas décadas de 1980 com a primeira usina de grande escala, a Solar One, na Califórnia. Naquela época, a tecnologia CSP era considerada mais promissora que os painéis fotovoltaicos convencionais. No entanto, o fracasso da Crescent Dunes impactou negativamente a percepção dessa tecnologia, e as usinas CSP têm apresentado uma capacidade de produção máxima de apenas 7 gigawatts (GW) até hoje, enquanto o total de energia gerada por painéis fotovoltaicos já superou impressionantes 2.000 GW em todo o mundo.

Como Funciona a CSP?

Diferentemente dos painéis solares que utilizam o efeito fotovoltaico para gerar eletricidade diretamente a partir da luz solar, as usinas CSP são baseadas no calor gerado pelo sol. Elas utilizam heliostatos - espelhos que captam e focam a luz solar em um ponto específico, convertendo-a em calor. Esse calor é responsável por criar vapor, que aciona turbinas geradoras de eletricidade, funcionando de maneira semelhante a uma usina termoelétrica convencional.

Existem várias configurações para a CSP, incluindo torres solares como a Crescent Dunes, onde os espelhos refletem a luz para um receptor no topo da torre. Esse receptor contém um fluido, frequentemente sal fundido, que ao ser aquecido, é utilizado para acionar a turbina. Esse ciclo é eficiente, permitindo que a energia armazenada seja utilizada posteriormente.

Por que a CSP Perdeu Espaço?

O auge da tecnologia fotovoltaica, que se tornou consideravelmente mais acessível e fácil de implementar, mudou o cenário para a CSP. Desde 2010, os preços da energia solar fotovoltaica caíram 90%, tornando-se mais vantajosa em comparação à CSP. Painéis solares são mais simples de instalar e manter, enquanto as usinas CSP exigem um complexo ajuste de espelhos e cuidados paisagísticos, o que pode se tornar operacionalmente desafiador, especialmente em condições climáticas adversas.

"Trabalhar com sal fundido tem suas armadilhas. Se houver falhas, o sal pode solidificar e causar problemas significativos em toda a instalação", explica Jenny Chase, analista da BloombergNEF.

Um Novo Nicho para a CSP

Apesar da queda na popularidade, as usinas CSP têm uma vantagem particular: a capacidade de gerar eletricidade à noite. Recentemente, novos projetos têm incorporado tanques de armazenamento isolados, permitindo que o sal fundido armazene calor de forma eficiente, apenas perdendo aproximadamente 1 grau Celsius por dia. Isso significa que a energia pode ser transformada em eletricidade durante a noite, uma vantagem competitiva para a CSP.

A China está liderando esse novo impulso, com mais de 30 usinas CSP em operação e regulamentações impondo que novas usinas de energia renovável incluam capacidades de armazenamento. Essa estratégia visa equilibrar a oferta de energia, utilizando os painéis solares durante o dia e o calor armazenado à noite.

"A CSP agora representa uma tecnologia de armazenamento mais do que uma apenas de geração de energia. O futuro da CSP pode ser brilhante se políticas favoráveis forem implementadas em outros países", afirma Richard Thonig, pesquisador no Centro Helmholtz de Potsdam.

Embora a Crescent Dunes tenha apresentado dificuldades após seu fechamento, o cenário para a CSP continua a ser otimista. "Ainda há um grande potencial. Se as condições certas forem criadas, a CSP pode se tornar uma opção realmente atraente e econômica", conclui Thonig. O futuro é promissor e, com a crescente demanda por soluções de armazenamento energético, a CSP pode surpreender nos próximos anos!