Dólar despenca quase 2% após segundo leilão do BC nesta quinta-feira
2024-12-19
Autor: Pedro
O dólar à vista registrou uma queda significativa nesta quinta-feira (19), após tocar a marca de R$ 6,30 em uma sessão marcada por alta volatilidade. Os investidores estão atentos à tramitação do pacote fiscal do governo, que está em discussão no Congresso, e que pode ter um grande impacto sobre a economia brasileira.
Na manhã de hoje, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e seu sucessor, Gabriel Galípolo, realizaram uma coletiva de imprensa. Durante o evento, Campos Neto descartou a possibilidade de fixação de um preço para o dólar e enfatizou que intervenções no mercado só ocorrerão quando forem realmente necessárias.
O Banco Central concluiu a venda de um total de 5 bilhões de dólares em um leilão à vista, que marcou a sexta operação do tipo na última semana e a segunda desta sessão, um dia após o fechamento do dólar à vista no histórico patamar de R$ 6,2679.
Às 14h01, o dólar recuava 2,06%, cotado a R$ 6,138 na venda. Na B3, o contrato futuro de dólar tinha uma queda de 1,00%, a 6.193 pontos. Apenas na quarta-feira, a moeda americana havia encerrado em alta de 2,78%, atingindo um recorde histórico.
Além dos leilões de venda de dólares, o Banco Central também anunciou que planeja realizar leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional nesta sessão. A volatilidade do dólar se intensificou, com uma alta de R$ 6,300 e uma baixa de R$ 6,140 durante o dia.
Com as intervenções de hoje, o Banco Central totaliza mais de 20,75 bilhões de dólares vendidos desde a última quinta-feira, incluindo tanto leilões à vista quanto operações que envolvem compromisso de recompra.
A preocupação dos investidores está centrada no cenário fiscal do Brasil, especialmente com o governo tentando aprovar medidas de contenção de gastos no Congresso antes do recesso de fim de ano. A expectativa é que o pacote fiscal seja discutido urgentemente, uma vez que a Câmara dos Deputados adiou para hoje a votação de uma proposta crucial que restringe o acesso ao abono salarial.
Analistas financeiros expressam apreensão de que os projetos não sejam votados a tempo ou que percam força, o que poderia comprometer ainda mais a confiança dos investidores e a trajetória das contas públicas. 'Enquanto não houver uma definição clara sobre os cortes de gastos, devemos continuar observando uma desvalorização do real', afirmou Lucélia Freitas, especialista em câmbio.
Nesta manhã, o foco do mercado também estava voltado para a coletiva do Relatório Trimestral de Inflação, que apresentou uma visão pessimista sobre as perspectivas para a inflação. O Banco Central revisou suas projeções, indicando que a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior da meta é quase de 100% para este ano.
As incertezas fiscais e a pressão externa com a recente decisão do Federal Reserve, de reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, mas sinalizando um afrouxamento menor do que o esperado, continuam a influenciar o comportamento do mercado financeiro brasileiro e o valor do dólar.
Diante desse cenário turbulento, a recomendação para investidores é manter cautela e monitorar de perto as desenvolvências no Congresso e suas repercussões no câmbio e na economia.