A equipe de Elon Musk responsável por cortes de custos enviou avisos de demissão cheios de erros aos funcionários da Usaid, a agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Segundo informações de cinco fontes ouvidas pela Reuters, essas notificações estavam repletas de imprecisões, levando a uma nova rodada de comunicações para corrigir os impactos nas aposentadorias e salários dos trabalhadores.

Um funcionário do governo, que pediu para permanecer anônimo, revelou que o Doge (Departamento de Eficiência Governamental), onde Musk exerce influência, tomou decisões apresadas que resultaram em sérios enganos nos avisos de demissão.

O Departamento de Estado, que está assumindo algumas das funções da Usaid como parte do plano do governo Trump para reduzir a ajuda externa dos EUA, não fez comentários imediatos sobre a situação.

O setor de recursos humanos da Usaid, que é composto principalmente por funcionários de licença remunerada e aqueles ameaçados de demissão, foi convocado a voltar ao escritório para corrigir os avisos e garantir sua precisão, conforme relato de uma fonte americana.

Um trabalhador da Usaid, também sob anonimato, contou à Reuters que seu aviso de demissão estava completamente equivocado, sendo seu nome a única informação correta. Esta situação representa um impacto crescente na confiança dos funcionários em um momento em que a estrutura da agência está sendo severamente alterada.

Este não é um caso isolado; avisos imprecisos têm causado transtornos significativos desde que Trump e Musk começaram a desmantelar o principal canal de ajuda externa dos EUA em fevereiro. Uma comunicação anterior indicava 21 de abril como a última data de emprego para muitos, mas esses prazos foram alterados, criando incerteza entre os aproximadamente 3.500 trabalhadores da Usaid.

Entre as correções necessárias estão erros relacionados ao ano de início, tempo de serviço e salários, o que, se não resolvido, pode levar a pensões diminuídas ou até mesmo canceladas, além de pagamento de rescisão incorreto, como mencionaram ex-funcionários e assessores parlamentares.

De acordo com o site de aposentadoria do Escritório de Gestão de Pessoal dos EUA, a pensão anual dos funcionários federais é calculada com base no tempo de serviço e nos três maiores salários anuais. Várias fontes internamente afetadas estão preocupadas com as potenciais consequências financeiras que esses erros podem gerar.

Na última segunda-feira, alguns funcionários relataram ter recebido uma terceira carta de demissão, ainda com mais informações erradas sobre promoções e tempo de serviço, levando a um estado de frustração e confusão que se intensifica a cada dia.

Por exemplo, um trabalhador federal notou que seu tempo de serviço estava incorretamente anotado; ele havia trabalhado desde 2008 e, em avisos diferentes, faltavam até seis anos do seu tempo total de 17 anos.

A nomeação de Musk por Trump, um grande apoiador político do presidente, para o cargo de liderança no Doge visava identificar desperdícios e fraudes no governo, mas casos como o da Usaid levantam questões sobre a eficácia dessa abordagem. A equipe do Doge afirmou ter economizado o impressionante total de 140 bilhões de dólares (cerca de R$ 795 bilhões), mas a veracidade de seus cálculos é frequentemente questionada por erros recorrentes.

Desde fevereiro, a maioria dos funcionários da Usaid foi colocada em licença administrativa, resultando em centenas de demissões e o encerramento de mais de 5.000 programas, afetando diretamente operações globais de ajuda humanitária que sustentam milhões de pessoas ao redor do mundo.

Além disso, os avisos não consideraram as solicitações de adiamento das datas de rescisão, complicando ainda mais a situação para funcionários que precisam de mais tempo para se reacomodar, especialmente aqueles com filhos em idade escolar ou em situações diversas que requerem uma transição mais gradual.