
Como o Brasil se tornou o campeão mundial em competições de Matemática?
2025-04-07
Autor: Matheus
Nos últimos anos, o Brasil tem se destacado como um verdadeiro fenômeno em competições de Matemática, atraindo milhões de estudantes a participar de eventos que tornam a disciplina mais acessível e atraente. O país é conhecido por ser a terra das ideias inovadoras e, nesse contexto, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) e a prova internacional Canguru de Matemática estão na vanguarda desse movimento.
Com 20 anos de história, a OBMEP não só envolve estudantes de escolas públicas, mas também tem atraído, cada vez mais, instituições particulares. Somente no ano passado, mais de 1,3 milhão de alunos participaram da Canguru, com um impressionante aumento de 248% no número de escolas inscritas, totalizando cerca de 7 mil. Esses números colocam o Brasil no topo da lista mundial de países com maior participação nesse tipo de exame.
Para 2023, a expectativa é que cerca de 1,8 milhão de estudantes se inscrevam na Canguru, que ocorre em março e abril. Essas competições têm atraído a atenção de estudantes de diversos contextos, desde escolas públicas até prestigiadas instituições de ensino que buscam desenvolver um perfil humanista e crítico, menos focado apenas na competição.
Cristina Diaz, CEO da Upmat Educacional, responsável pela organização da Canguru no Brasil, ressalta a importância de transformar a competição em uma “grande celebração da Matemática”. A proposta é que cada escola utilize os resultados de maneiras que façam sentido para seu contexto, seja promovendo debates em sala de aula ou reconhecendo estudantes com medalhas e diplomas.
O formato do exame é padronizado globalmente, com questões traduzidas para o idioma local, mas sempre orientadas para a resolução de problemas e desenvolvimento do raciocínio lógico. Isso difere de provas tradicionais como a avaliada pela OCDE, em que o Brasil frequentemente se encontra nas últimas colocações.
A Canguru é projetada para desafiar os alunos a identificar padrões e resolver problemas de maneiras criativas, o que vai além do conteúdo curricular tradicional. As questões são pensadas para engajar crianças e adolescentes desde o 3º ano do fundamental até o ensino médio. "O foco não é apenas saber se a criança já teve aula de frações, mas sim desenvolver a capacidade de raciocínio lógico," afirma Cristina.
Regina Scarpa, diretora da Escola Vera Cruz, descreve os desafios propostos pela Canguru como inteligentes e instigantes, ressaltando que o verdadeiro aprendizado vem do processo de pensamento e não simplesmente da resposta certa. Ela acredita que essas competições são essenciais para estimular o interesse dos jovens pela Matemática.
Além disso, a OBMEP, que já oferece oportunidades até para ingresso no ensino superior, é um exemplo do potencial que as competições podem proporcionar. Universidades renomadas como a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) destinam vagas especiais para medalhistas de olimpíadas de conhecimento, criando um caminho direto para o sucesso acadêmico.
Por sua vez, o IMPA Tech, um curso superior em Matemática da Tecnologia e Inovação no Rio de Janeiro, reserva 80% das vagas para estudantes que se destacam em olimpíadas científicas.
Estudos mostram que participar dessas competições traz benefícios significativos para o aprendizado. A pesquisa realizada por Camila M. Machado Soares e Elisabette Leo indica que quanto mais tempo a escola se engaja com a OBMEP, mais eficazes se tornam suas abordagens de ensino em Matemática. Isso se traduz em professores mais qualificados e alunos mais motivados.
Dessa forma, o Brasil não apenas se destaca na quantidade de participantes, mas também na mudança de paradigma em relação ao ensino de Matemática, promovendo um ambiente de aprendizado mais prazeroso e dinâmico. Afinal, o objetivo é mudar a perspectiva dos estudantes sobre a Matemática, eliminando a ideia de que apenas algumas pessoas têm aptidão para essa disciplina.