Nação

Entregadores de Apps de BH Realizam Protesto e se Unem à Greve Nacional

2025-03-31

Autor: Lucas

Motoboys que trabalham para plataformas como iFood, 99 e Uber se mobilizaram, nesta segunda-feira (31), em uma paralisação nacional exigindo melhores condições de trabalho. Em Belo Horizonte, a manifestação começou às 9h na Praça da Estação, atravessando a Praça Sete, Rua da Bahia e chegando à Praça da Liberdade, finalizando na Praça da Savassi, famosa no Centro-Sul da cidade.

Os entregadores reivindicam um aumento na taxa mínima das corridas, que, segundo eles, não recebeu ajustes há três anos. Eles pedem um pagamento mínimo de R$ 10 para entregas de até 4 km, com um adicional de R$ 2,50 por quilômetro extra. Além disso, exigem o fim das chamadas rotas duplas, onde o app agrupa pedidos, mas remunera apenas uma entrega, e solicitam que os motoboys sejam convocados para retirar os pedidos apenas quando estiverem prontos, evitando as esperas não pagas.

Vanessa Barbosa Muniz, que atua como entregadora há sete anos, destacou que as empresas obtêm lucros bilionários às custas dos trabalhadores, sem diálogo efetivo sobre reajustes. "Plataformas como iFood, Uber e 99 faturam mais de R$ 7 bilhões por ano com o trabalho dos motoboys, mas não escutam nossas demandas. Estamos aqui rezando por respeito e voz", afirmou.

Após a manifestação na região Central, os grupos se dividiram, dirigindo-se a shoppings, redes de fast food e sedes de empresas, como Uber e 99, com o intuito de pressionar as grandes corporações a melhorarem as condições de trabalho.

Junto ao protesto, os motoboys também realizaram um "breque", interrompendo as entregas. A categoria afirma que a greve vai persistir até o fechamento dos estabelecimentos, e a mobilização continuará nos dias seguintes.

Gustavo Túlio, um dos organizadores do ato, enfatizou que a luta pelos direitos dos entregadores só estará completa quando suas demandas forem atendidas: "Se não houver solução, vamos continuar parando quantas vezes for necessário. Fomos chamados de heróis durante a pandemia, mas hoje somos tratados como escravos", desabafou.

Ao contrário das manifestações ocorridas em 2020, que tiveram adesão parcial em alguns estados, este ano a greve acontece simultaneamente em todo o Brasil, com Belo Horizonte figurando entre as 20 das 27 capitais que entraram no movimento.

Em resposta, o iFood, a Uber e a 99 foram contatadas. O iFood, em nota, reafirmou o respeito ao direito à manifestação pacífica e informou que está considerando um reajuste para 2025, citando que os ganhos dos entregadores aumentaram nos últimos anos, incluindo um reajuste de 13% na taxa mínima em 2022 e R$ 3,00 adicionais por entrega extra em 2024. A empresa também destacou que os entregadores ganham quatro vezes o salário mínimo-hora e têm acesso a seguro, planos de saúde, e apoio jurídico e psicológico.

A Amobitec, que representa a Uber e a 99, também se manifestou, afirmando que respeita o direito de manifestação e que as empresas mantêm diálogo contínuo com os trabalhadores. Em um levantamento recente, informaram que a renda média de um entregador no setor subiu 5% acima da inflação entre 2023 e 2024, alcançando R$ 31,33 por hora trabalhada.

Por fim, a Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais (SRTE) comunicou que está acompanhando as reivindicações dos entregadores. O superintendente Carlos Calazans declarou que a entidade está aberta a dialogar sobre as demandas do movimento e em contato constante com os representantes dos trabalhadores.

Os entregadores levantaram uma bandeira de luta por dignidade e melhores condições de trabalho, e a mobilização segue forte, com apoio crescente da população e de diversas entidades.