Elon Musk gerou uma onda de controvérsias ao fazer declarações nacionalistas durante um comício da AfD, o partido de extrema direita da Alemanha. No evento no último sábado (25), Musk afirmou que os alemães deveriam deixar de lado a 'culpa pelo passado', referindo-se aos 'pecados de seus bisavós'.

"É crucial que as pessoas na Alemanha tenham orgulho de serem alemãs", declarou Musk remotamente. Enquanto isso, milhares de manifestantes tomavam as ruas de cidades como Colônia e Berlim, protestando contra a ascensão da AfD e o crescimento da extrema direita na Europa. Os manifestantes viam Musk como um dos símbolos dessa tendência.

A ideia de 'culpa' é um tema recorrente nas discussões sobre o passado nazista da Alemanha, onde a memória histórica do regime é tratada com seriedade e profundidade. No mesmo fim de semana, Donald Tusk, primeiro-ministro da Polônia, criticou Musk, descrevendo suas declarações como "familiar e ameaçadora demais", especialmente próximo ao 80º aniversário da liberação de Auschwitz, comemorado na segunda-feira (27).

O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, não perdeu a oportunidade de apoiar Tusk e reafirmou que o Holocausto representa uma 'responsabilidade permanente' para os alemães. Ele destacou que cada cidadão tem o dever de lembrar as atrocidades cometidas durante a era de Adolf Hitler, independentemente de sua história familiar. "Não devemos aceitar qualquer forma de relativização", afirmou Scholz em um evento recente em Berlim.

A situação se torna ainda mais crítica, pois Musk tem um histórico de comportamento polêmico, incluindo um gesto controverso em um evento recente nos EUA, que muitos interpretaram como uma saudação nazista, algo que ele nega. Dani Dayan, presidente do Memorial do Holocausto Yad Vashem, ressaltou que reconhecer o passado é essencial para a formação da sociedade alemã e que ignorar essa responsabilidade desrespeita as vítimas do nacional-socialismo.

Steffen Seibert, embaixador da Alemanha em Israel, usou as redes sociais para criticar Musk, afirmando que o empresário parece desconhecer a verdadeira história do país.

Musk, sempre alinhado com narrativas que atraem extremistas, fez advertências apocalípticas sobre a escolha política da Alemanha, alertando que o "futuro da civilização pode depender dessa escolha", em referência à candidata da AfD, Alice Weidel.

Essas declarações não passaram despercebidas. Líderes como Emmanuel Macron, Keir Starmer e Pedro Sánchez expressaram preocupação com a interferência de Musk na política europeia, condenando suas ações como tentativas de desestabilizar o continente.

Além disso, há cerca de um ano, Musk foi convidado a visitar Auschwitz após críticas por permitir conteúdo extremista em suas plataformas. Em uma tentativa de amenizar as críticas, ele participou de cerimônias e depositou flores no memorial, porém a sua imagem continua manchada por suas controvérsias recentes.