O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) foi recebido com muito entusiasmo em Washington por apoiadores do presidente eleito Donald Trump. No último sábado (18), o parlamentar participou de uma série de eventos com membros de alto escalão do Partido Republicano, na véspera da posse do novo presidente americano.

Durante um evento, Eduardo lamentou a ausência de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está impedido de deixar o Brasil devido a uma decisão judicial. Ele não hesitou em comparar a atual situação do Brasil à ditadura da Venezuela. "Estamos vendo o mesmo tipo de 'lawfare' que o Trump enfrentou aqui", disse à Folha, referindo-se ao termo inglês que significa 'guerra jurídica'. "O Brasil está se transformando em uma piada. Em breve, as autoridades brasileiras terão a mesma credibilidade que as autoridades venezuelanas fora do país", declarou.

Jair Bolsonaro havia solicitado autorização para viajar aos Estados Unidos, alegando que foi convidado para a posse de Trump. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou o pedido, citando um risco de fuga. O ex-presidente ainda enfrenta investigações, incluindo uma possível participação em um golpe de Estado em 2022, o que resultou na retenção de seu passaporte.

Eduardo Bolsonaro liderou uma comitiva de deputados conservadores brasileiros que se deslocou a Washington para os eventos de posse. A lista incluía nomes como Bia Kicis (PL-DF) e Carla Zambelli (PL-SP), embora não esteja claro quantos participaram de fato.

Eduardo também teve a oportunidade de participar de um jantar oferecido pelo vice-presidente eleito, J.D. Vance, e encontrou membros nomeados de Trump, como Marco Rubio (Departamento de Estado) e Vivek Ramaswamy (Eficiência Governamental). Uma presença notável foi a de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, que também esteve no evento.

O deputado brasileiro encerrou a noite no Hispanic Ball, um baile de gala que celebrou a comunidade de origem latino-americana e espanhola nos Estados Unidos. O evento prestou homenagem ao presidente argentino Javier Milei e contou com a presença de figuras como Juan Guaidó, ex-líder opositor venezuelano, e Santiago Abascal, líder do partido espanhol Vox.

Donald Trump Jr. foi uma das personalidades que representou o ex-presidente Trump no evento, trocando cumprimentos e abraços com Eduardo Bolsonaro. "Estamos aqui pela amizade com Trump e sua família; há uma convergência natural de ideias", declarou Eduardo, otimista com um cenário mais favorável para seu pai sob a nova administração republicana. "Novos tempos virão após 20 de janeiro."

A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, chegou aos EUA na mesma noite, mas não pôde comparecer ao baile devido ao horário. No aeroporto, expressou sua tristeza pela ausência do marido e reafirmou a ideia de que Jair está sendo perseguido pela Justiça brasileira.

Entre os participantes do evento estava também o blogueiro Allan dos Santos, que está sob investigação pelo STF, com um pedido de prisão e extradição pendente desde 2021. Ele permaneceu nos Estados Unidos para evitar a prisão e se queixou da falta de acesso aos autos do processo.

Os hispânicos, um dos grupos demográficos que mais crescem nos EUA, têm migrado suas preferências políticas. Apesar de tradicionalmente serem vistos como eleitores democratas, muitos têm se alinhado aos republicanos, contribuindo significativamente para a vitória de Trump nas eleições anteriores.

Os ingressos para o baile, realizado em um luxuoso hotel de Washington, esgotaram rapidamente e foram vendidos a US$ 250 (aproximadamente R$ 1.500). O evento contou com uma variedade de atividades, incluindo apresentações musicais do cantor colombiano Gusi e da banda cubana Los 3 de la Habana.

Além disso, a deputada Bia Kicis participou de um almoço com o presidente do Paraguai, Sebastian Peña, e outros líderes latino-americanos para discutir questões de segurança. O itinerário dos deputados é variado, com alguns hospedados em casas de amigos, enquanto outros estão em apartamentos alugados. Eduardo Bolsonaro tem mais acesso aos eventos, em comparação com seus colegas que têm agendas distintas.