Após proibição de celulares, escolas se reinventam e buscam novas estratégias!
2025-01-20
Autor: João
Um polêmico protagonista das salas de aula está prestes a desaparecer. O uso de celulares, objeto de intensos debates entre pais, professores e alunos, foi banido das escolas brasileiras a partir de 2025 conforme a nova lei sancionada pelo governo federal na última segunda-feira (13/1). Mas como as escolas estão se adaptando a essa nova realidade?
Engana-se quem pensa que a transição será simples! A aceitação dessa nova norma representa um grande desafio tanto para as instituições privadas quanto para as públicas. Educadores alegam que apenas proibir o uso dos aparelhos não será eficiente sem um diálogo aberto com os estudantes.
As estratégias para lidar com a proibição do celular variam consideravelmente. Algumas escolas optaram por não coletar os dispositivos, confiando na colaboração dos alunos, enquanto outras já estão se equipando com armários fechados para guardar os aparelhos, sem descartar a possibilidade de advertências para quem desrespeitar as regras.
Diretores de escolas expressam preocupações sobre o impacto de multas e proibições sem um diálogo claro. Segundo Eldo Pena, do Colégio Arnaldo, a educação digital é essencial: "É preciso explicar os motivos dessa restrição. Proibir sem contextualizar pode ser visto como uma atitude punitiva e não educativa." Essa ênfase no diálogo também é reforçada por instituições que pretendem implementar campanhas de conscientização junto à comunidade escolar.
COMO FICAM OS RECREIOS?
Uma das mudanças mais notáveis será a proibição do uso de celulares durante o recreio. Embora algumas escolas já mantivessem essa prática nas aulas, a extensão da proibição ao intervalo de descanso surpreendeu muitos. Ana Amélia, diretora do Colégio Sagrado Coração de Jesus, acredita que eliminar os celulares nesses momentos é crucial para o desenvolvimento das habilidades sociais entre os alunos: "O recreio deve ser um espaço de interação e aprendizado social. O uso do celular cria isolamento, o que prejudica essa convivência."
No entanto, essa mudança não é vista com bons olhos por todos. Ronnie Lourenço, diretor de ensino do Grupo Olimpo, declara que é preciso investir em atividades que ocupem os alunos, como jogos de tabuleiro e esportes, para manter o recreio atrativo.
Mas implementar tais atividades pode ser complicado. Zuleica Ávila, diretora do Colégio Santa Dorotéia, destaca que o intervalo de apenas 30 minutos requer uma variedade de opções de lazer para prender a atenção dos alunos.
A aplicação dessa norma e a fiscalização da proibição geram discussões sobre o papel dos professores e da coordenação escolar. Na instituição Olimpo, por exemplo, não haverá punições imediatas, enquanto as deixas para adaptação são dadas aos alunos. Em troca, as câmeras de segurança servem como um mecanismo adicional para garantir o cumprimento das regras.
SAÚDE MENTAL EM PAUTA
Com a nova regulamentação, surgem preocupações sobre a saúde mental dos estudantes, especialmente relacionadas à famosa ‘nomofobia’, que é a ansiedade causada pela ausência do celular. Situações de estresse e dificuldade de concentração já foram observadas em algumas instituições que restringiram o uso do aparelho. Gabriel Verdin, do Colégio Santo Agostinho, explica que um núcleo de convivência ética foi criado para atender alunos com essas dificuldades.
A responsabilidade das escolas inclui também suporte psicológico para lidar com transições complicadas, como está sendo feito no Colégio Santa Dorotéia: "Vamos promover espaços de acolhimento e preparar professores para identificar alunos que precisam de apoio na adaptação."
Desafios semelhantes são observados na rede pública, onde a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte destacou que inicialmente não haverá a coleta de celulares, priorizando a orientação dos alunos. Além disso, capacitação dos educadores para lidar com problemas relacionados ao uso inadequado dos dispositivos e saúde mental é uma prioridade.
Os malefícios da utilização excessiva de celulares em aulas e recreios foram amplamente reconhecidos durante a discussão da nova lei federal, que é vista como uma solução positiva para melhorar a interação social e a concentração dos alunos. Para Ana Amélia, essa fase representa um 'desmame' do vício digital, essencial para um aprendizado efetivo: "A educação é uma questão de integrar mente e corpo. Sem essa conexão, perdemos um componente vital da educação." Essa nova realidade nas escolas pode marcar uma mudança significativa no cotidiano dos estudantes e promete abrir espaço para um aprendizado mais rico e humano.