Nação

Duda Salabert revela momentos de dor e transfobia no prestigioso Minas Tênis Clube

2024-09-27

Duda Salabert compartilha experiências de transfobia

A deputada federal Duda Salabert (PDT), que está em campanha para a Prefeitura de Belo Horizonte, compartilhou emocionantes relatos sobre transfobia que enfrentou no tradicional Minas Tênis Clube, famoso pela elite mineira.

Durante um evento na última sexta-feira, a candidata decidiu não discutir suas propostas políticas e, em vez disso, optou por expor as violências que sofreu ao longo de sua vida e trajetória política por ser uma mulher trans. Duda destacou que, embora tenha sido alvo de discriminação em várias ocasiões, nada se comparou ao que viveu no Minas.

"A violência que eu enfrentei durante a campanha eleitoral não chega aos pés do que passei aqui [no Minas]", desabafou. A deputada revelou que se tornou sócia do clube em 2020, usando o dinheiro recebido após ser demitida de um colégio particular, ligado a ameaças de violência em sua prática docente por sua identidade de gênero.

Com lágrimas nos olhos, Duda lamentou: "O que passei aqui, em termos de transfobia, foi tão severo que precisei da intervenção do Ministério Público. Isto nunca aconteceu na minha vida antes. Escolhi este clube para minha filha estudar e se desenvolver como atleta."

A deputada vendeu sua cota no clube em 2021, após vivenciar episódios de transfobia. O Minas Tênis Clube, contatado pela imprensa, optou por não fazer comentários sobre a situação, alegando se tratar de uma questão política.

Ameaças e discriminação na política

Duda também compartilhou experiências aterrorizantes que viveu durante sua candidatura a deputada federal em 2022, quando recebeu diversas ameaças de morte. "Criaram um site dedicado a mim, sugerindo maneiras de me matar. Fui associada ao que há de mais desprezível", explicou.

Atualmente, Duda é a única candidata transgênero a concorrer à Prefeitura em capitais brasileiras e figura entre as nove candidatas trans ao Executivo municipal em todo o Brasil. Ela acredita que o alto nível de rejeição entre os eleitores de Belo Horizonte está diretamente relacionado ao preconceito contra sua identidade. Uma pesquisa recente do Datafolha revelou que 30% dos entrevistados afirmaram que não votariam nela, colocando-a em pé de igualdade com Rogério Correia (PT) e Bruno Engler, com rejeições de 26% e 25%, respectivamente.

Com intenção de voto de apenas 9%, Duda ocupa a quarta posição, atrás de Mauro Tramonte (Republicanos) com 28%, e Bruno Engler e Fuad Noman, ambos com 18%.

A realidade da violência contra pessoas trans

Na sua fala, Duda ressaltou a alarmante realidade de que o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. "Nos tratam como sujeira social, como se não tivéssemos nem o direito ao sol. Isso é inaceitável", afirmou a deputada com determinação.

A demanda principal das pessoas trans

Por fim, ao ser questionada sobre a principal demanda das pessoas trans na América Latina, Duda enfatizou: "Ainda é o nome. É essencial que possamos ser reconhecidos por quem realmente somos."