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Donos de imóveis de alto padrão em SP processam startup Tabas por não pagamento de aluguéis; prejuízos já somam R$ 1,5 milhão

2024-09-24

Um grupo de aproximadamente 85 proprietários de imóveis de alto padrão localizados no Itaim Bibi e Jardins, em São Paulo, entrou com uma ação judicial contra a startup Tabas by Blueground. Eles alegam que a empresa, que atua na sublocação de imóveis mobiliados, não está repassando os valores de aluguel e taxas de condomínio desde o início de 2023. As perdas financeiras dos proprietários já ultrapassam a marca de R$ 1,5 milhão.

A Tabas se apresenta como uma plataforma de aluguel de apartamentos mobiliados e renovados, com foco em locações de curto prazo, influenciando principalmente o mercado de turismo e expatriados. Entretanto, os proprietários denunciam que os contratos, que preveem o repasse correto dos aluguéis e a quitação das despesas de condomínio e IPTU, não estão sendo cumpridos.

Patrícia Nerath, uma das vítimas do caso, relatou que o aluguel de seu imóvel é de R$ 7 mil, e que os custos com condomínio e IPTU chegam a R$ 2.500 por mês. Segundo Patrícia, até o final de 2022 os pagamentos estavam sendo feitos regularmente, mas em 2023 a empresa começou a atrasar os repasses. Desde março, os pagamentos pararam completamente.

"Fui processada três vezes pela falta de pagamento do condomínio, embora o inquilino que reside no imóvel diga que realiza os pagamentos à Tabas. No total, sou devida mais de R$ 60 mil", contou Patrícia, que se viu obrigada a vender seu carro para quitar dívidas.

O caso de Patrícia reflete um drama coletivo, onde muitos outros proprietários compartilham experiências similares. Por meio de um grupo no WhatsApp, os donos de imóveis começaram a trocar informações e relatos sobre as dificuldades enfrentadas com a startup. Ao menos 60 deles já moveram ações na Justiça.

A advogada Marcela Miranda, que representa o coletivo, afirma que a situação é alarmante. "Alguns donos de imóveis chegaram a registrar boletins de ocorrência, acusando a empresa de apropriação indébita. Estima-se que os prejuízos individuais variem entre R$ 30 a R$ 100 mil", informou.

O cenário é ainda mais preocupante para Marco Bueno Perozzi, que possui dois imóveis na mesma situação. Ele relata que, após meses sem receber os aluguéis, conseguiu uma liminar para que o inquilino pague diretamente a ele. "A renda dos aluguéis é a única coisa que temos para sustentar nossa família", disse. Enquanto isso, a empresária Mônica Lerner, que também possui imóveis na região, enfrenta a acumulação de dívidas superiores a R$ 30 mil.

Os fundadores da Tabas, Leonardo Morgatto e Simone Surdi, prometeram reformar os imóveis antes de alugá-los, mas essa prática gerou apreensões entre os proprietários sobre os reais interesses da startup. A empresa afirma que cada caso de atraso tem suas particularidades e que todos estão em discussão judicial. Porém, muitos proprietários questionam a transparência e os compromissos firmados.

A situação gera uma combinação de preocupação e desespero entre os proprietários, que perderam sua principal fonte de renda e agora lutam para reaver o que lhes é devido. A história da Tabas deve ser moldada em termos de responsabilidade e ética, oferecendo lições valiosas sobre o cuidado e a confiança que devem prevalecer em relacionamentos comerciais, principalmente no mercado imobiliário.