O dólar comercial fechou em queda de 0,34%, cotado a R$ 5,92, nesta quinta-feira, ampliando as perdas observadas no dia anterior. Durante o dia, a moeda chegou a operar a R$ 5,8740 na mínima, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fazer um discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça. A fala de Trump não apenas impactou o valor do dólar, mas também foi acompanhada por um forte recuo nos preços do petróleo, com pedidos para que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reduza os preços do barril.

No discurso, Trump reiterou a intenção de criar tarifas sobre produtos que não sejam fabricados nos Estados Unidos, destacando que pretende beneficiar empresas que optarem pela produção interna. Segundo analistas, essa abordagem pode gerar incertezas para mercados ao redor do mundo, embora a falta de novas propostas concretas tenha trazido um alívio temporário ao mercado financeiro.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirmou que a ausência de declarações mais incisivas sobre tarifas ajudou a levar o dólar às mínimas do dia. Ele explicou que o mercado estava atento a qualquer mudança que pudesse ser considerada mais agressiva. Por outro lado, o também analista Matheus Spiess, da Empiricus Research, observou que a fala de Trump demonstrou menos contundência do que se esperava.

Impacto nas Commodities e Tarifas

Além das flutuações no câmbio, o discurso de Trump também repercutiu nos preços do petróleo. O presidente americano mencionou que estava fazendo um apelo à Arábia Saudita e outras nações da Opep para que reduzam os custos do petróleo, na expectativa de que isso ajude a diminuir a inflação e resulte em cortes nas taxas de juros nos EUA.

Após essa declaração, os preços do petróleo entraram em queda. O contrato do petróleo Brent, referência internacional, recuou 0,89% a US$ 78,29, enquanto o WTI, referência americana, caiu 1,09%, para US$ 74,62. Paula Zogbi, gerente de pesquisa da Nomad, ressaltou que essa pressão sobre o dólar em relação a outras moedas emergentes também pode refletir uma busca por estabilização nos mercados financeiro e energético.

Reações ao Discurso de Trump

Essa não é a primeira vez que Trump menciona a necessidade de intervirem nos preços do petróleo. Durante seu primeiro mandato, ele fez diversos apelos à Opep e até formalizou acordos com a Arábia Saudita e a Rússia para cortar a produção em momentos de crise no mercado, como no início da pandemia de COVID-19 em 2020.

Frank Monkam, chefe de negociação macro da Buffalo Bayou Commodities, observou que o mercado de petróleo agora enfrenta uma nova variável: o que chamou de "opção de compra de Trump". Isso adiciona mais uma camada de complexidade ao já volátil cenário do petróleo.

Além disso, Trump também insinuou que a eficácia na redução dos preços do petróleo poderia pressionar a Rússia a reconsiderar sua posição na guerra na Ucrânia. Alexandre Viotto, gerente de câmbio da EQI Investimentos, destacou que a abordagem menos agressiva e mais conciliadora de Trump também contribuiu para uma diminuição da pressão sobre o dólar, refletindo um possível desejo de negociação em vez de conflito.