Dezembrite: Como o Fim de Ano Pode Aumentar o Sofrimento de Quem Sofre com a Depressão
2024-12-23
Autor: Ana
O fim do ano é conhecido por ser um período de celebrações, mas para muitos, especialmente aqueles que lidam com a depressão, pode se tornar um tempo de intensificação das dificuldades emocionais. As festas e a pressão por felicidade podem criar um ambiente de estresse significativo, que agrava a saúde mental.
Especialistas, como a psiquiatra Tania Ferraz Alves, do Instituto de Psiquiatria da USP, alertam que as semanas de dezembro são marcadas por uma grande quantidade de cobranças pessoais e comparações sociais. Nesse cenário, muitos se sentem inadequados ou frustrados ao olharem para suas vidas, especialmente quando as redes sociais enfatizam apenas os ‘melhores momentos’ dos outros.
O que se conhece como "dezembrite" é uma expressão que descreve essa sensação de ansiedade e tristeza que pode surgir ao refletir sobre conquistas e falhas do ano que passou. Para aqueles que já enfrentam a depressão, esses sentimentos podem ser ainda mais intensos, levando a uma maior vulnerabilidade emocional.
Lucas Spanemberg, psiquiatra e pesquisador da PUC-RS, ressalta que pessoas que enfrentaram experiências familiares difíceis, como desagregação familiar ou perdas recentes, são especialmente suscetíveis a crises nesta época do ano. Além disso, fatores como noites mal dormidas, excessos nas comemorações e até mesmo interrupções no tratamento medicamentoso podem exacerbar os sintomas.
Uma dica fundamental para quem sofre de depressão é manter a rotina de tratamento, incluindo a continuidade dos medicamentos e terapia. O aumento das sessões de terapia pode ser benéfico nas semanas de dezembro, ajudando a lidar com os sentimentos difíceis que podem surgir.
Evitar a pressão social de aparentar felicidade também é crucial. Muitas pessoas com depressão relatam que sentem antecipadamente a dor emocional relacionada às festividades. A psiquiatra Tânia recomenda que cada um avalie quais eventos realmente têm significado, evitando compromissos que possam criar ainda mais desconforto. É legítimo escolher o que participar e o que evitar.
Outro fator importante é a necessidade de apoio social. Amigos e familiares podem fazer a diferença ao oferecerem apoio genuíno, evitando que a pessoa se sinta pressionada a participar de celebrações. O reconhecimento de que o luto e a dor são processos carregados de variações emocionais é crucial.
Durante este período, buscar ajuda profissional é uma prioridade. Serviços de saúde, incluindo o Sistema Único de Saúde (SUS), oferecem apoio integral mesmo durante as festas de fim de ano.
Estatísticas alarmantes mostram que o Brasil é o país com a maior prevalência de depressão na América Latina. Dados da OMS indicam que cerca de 5,8% da população, ou 11,7 milhões de brasileiros, lidam com essa condição. Diante disso, é essencial estarmos cientes da nossa saúde mental e dos recursos disponíveis para lidar com os desafios que o final do ano pode trazer.
Cuidar da saúde mental é uma necessidade, e entender a importância de observar nossos próprios limites e buscar apoio pode transformar o final do ano em um momento menos doloroso e mais acolhedor.