Arthur Moreira Lima, um dos maiores expoentes da música clássica brasileira, faleceu na quarta-feira (30), aos 84 anos. Ele lutava corajosamente contra um câncer no intestino, diagnosticado no ano passado, e estava internado em um hospital em Florianópolis (SC) há duas semanas antes de seu falecimento.

A relação entre Arthur e o maestro João Carlos Martins era profunda. Amigos e parceiros de palco, eles compartilharam a experiência da música em várias ocasiões ao longo de suas longas carreiras, incluindo a memorável apresentação em Nova York.

João Carlos Martins, emocionado ao receber a notícia da morte de seu amigo durante um concerto em Sorocaba (SP), expressou: "O que eu tinha pra chorar eu já chorei. Fiz uma peça para ele". Martins colocou Moreira Lima como um dos maiores intérpretes de Chopin. "Arthur foi o pianista brasileiro que mais me emocionou na vida", declarou, lembrando-se de momentos secundários de suas apresentações.

No início dos anos 1980, Martins desmaiou no palco de São Paulo, a poucos dias da estreia em Nova York, e considerou cancelar a performance. Assim que recuperado e visitado por Moreira Lima no hospital, as palavras de incentivo do amigo foram fundamentais: "caiu em São Paulo, cai em Nova York também, mas vamos", relembrou com carinho.

Artistas do calibre dos dois deixaram uma marca indelével no cenário musical brasileiro. Moreira Lima, nascido no Rio de Janeiro, começou a estudar piano aos seis anos e conquistou reconhecimento internacional ao obter o segundo lugar na Competição Internacional de Piano Frédéric Chopin, em 1965, além de prêmios em competições como a Tchaikovsky, em 1970.

Considerado um projeto da música popular, ele também deixou seu legado ao gravar obras de grandes compositores brasileiros, como Ernesto Nazareth, e participar do projeto "Um piano pela estrada", onde levou sua arte para diferentes cantos do Brasil em um caminhão que se transformava em palco.

O velório de Arthur Moreira Lima ocorrerá nesta quinta-feira (31), entre meio-dia e 16h, no Jardim da Paz, em Florianópolis, reafirmando sua conexão com a cidade onde viveu por aproximadamente 30 anos.

A contribuição de Arthur para a música, tanto erudita quanto popular, eternizará seu nome na história da cultura brasileira, deixando saudades e uma rica herança musical.