Nação

Deserto em Minas Gerais: Belo Horizonte completa 150 dias sem chuvas

2024-09-16

Em uma situação alarmante, Belo Horizonte enfrenta a pior seca dos últimos anos, completando nesta segunda-feira (16/09) 150 dias sem chuvas. Desde abril, a capital mineira está sob um céu completamente limpo, e as previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indicam que essa estiagem deve continuar até a segunda quinzena de outubro. A cidade se aproxima do recorde histórico de 198 dias sem chuvas registrado na década de 1960.

Tradicionalmente, setembro marca o começo da temporada de chuva em Belo Horizonte, com uma média histórica de 49,2 mm de precipitação. Contudo, este ano está longe do normal, com expectativas de que a chuva significativa só retorne a Minas Gerais a partir da segunda quinzena de outubro, quando a temperatura deve começar a cair.

A anomalia meteorológica deste ano é notável: meses que normalmente apresentam chuvas, como maio e agosto, tiveram precipitações abaixo do esperado. De acordo com o meteorologista Ruibran dos Reis, o fenômeno El Niño, que influencia o clima global, intensificou e prolongou a seca. Embora o El Niño tenha atingido seu pico em junho, seus efeitos ainda são sentidos, causando bloqueios na chegada de frentes frias e dificultando a formação de nuvens.

Com a situação crítica, Belo Horizonte e outras 407 cidades de Minas Gerais estão sob alerta do Inmet devido à baixa umidade do ar, que está entre 20% e 30%. Essa condição pode gerar problemas sérios à saúde, como desidratação e agravamento de doenças respiratórias. Em comparação, a umidade relativa do ar nos últimos dias é semelhante à de desertos, como o Saara e o Atacama. Na regional Oeste da cidade, a umidade atingiu apenas 21%, muito abaixo do recomendado.

Além disso, a proliferação da nèvoa seca tem sido um fenômeno constante, criando uma atmosfera pesada e prejudicada no horizonte. Essa condição é resultado do acúmulo de poeira e fumaça, proveniente de queimadas na região, que aumentam os riscos à saúde da população.

Enquanto Belo Horizonte aguarda alívio, outras cidades mineiras enfrentam condições ainda mais severas. Pompéu, por exemplo, já contabiliza 166 dias sem chuvas, e várias cidades do Norte de Minas também estão em situação crítica. O cenário é tão desesperador que 138 municípios já decretaram emergência por causa da estiagem.

A seca já começa a afetar o abastecimento de água na região, com mais de 300 cursos d'água se encontrando secos no Norte de Minas, impactando diretamente 20 mil famílias. O racionamento de água se torna uma realidade em alguns municípios, com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) implementando rodízios em determinadas áreas.

Com a previsão de que as chuvas não cheguem até 15 de outubro, a situação se agravará ainda mais se não houver mudanças climáticas significativas. Enquanto isso, as altas temperaturas e a falta de umidade continuam a assolar Belo Horizonte e as cidades vizinhas, levando a um quadro de emergência que não pode ser ignorado.