Cuidado! Tosser Não Vai Te Salvar de um Ataque Cardíaco, Apesar do Que Dizem as Redes Sociais
2024-12-20
Autor: Maria
Nos últimos tempos, as redes sociais se tornaram um verdadeiro campo de batalha de informações, e entre as mais preocupantes estão as orientações médicas não comprovadas e potencialmente perigosas. A ideia de que tossir pode induzir a RCP (ressuscitação cardiopulmonar) está no centro dessa polêmica. Embora essa técnica possa ter um fundo em práticas médicas específicas, sua aplicação fora de ambientes controlados é extremamente arriscada.
Um post viral sugere que, se uma pessoa estiver sozinha durante um ataque cardíaco, ela pode tossir ritmicamente para manter o fluxo de sangue ao coração. Este conceito é não apenas enganoso, como também pode levar à tragédia. Muitas vezes apresentado como um 'truque de sobrevivência', esta falsa informação ignora a seriedade da situação.
Ataques cardíacos e paradas cardíacas são emergências médicas distintas, e cada uma requer um tratamento específico. Durante um ataque cardíaco, que ocorre quando o fluxo sanguíneo é bloqueado, a tosse não vai resolver o problema. Num cenário de parada cardíaca, que é ainda mais crítico, o coração para de bater de forma eficaz, e o que se precisa é de intervenção imediata, como a RCP tradicional.
Organizações de renome, como a American Heart Association e a British Heart Foundation, não recomendam o uso da RCP pela tosse fora de ambientes hospitalares. Elas alertam que seguir essa recomendação equivocada pode atrasar o tratamento adequado, que envolve chamar serviços de emergência e aplicar a RCP convencional, que é respaldada por décadas de pesquisa.
Por que, então, essa ideia se espalhou? O fenômeno viralidade muitas vezes favorece a propagação de informações simples e impactantes, que passam batidas por dados científicos e recomendações mais confiáveis. Na era da desinformação, isso é um passeio perigoso, onde cada post viral pode potencialmente custar vidas.
Além disso, conforme afirmações emocionais ou surpreendentes ganham mais atenção, as soluções complexas e embasadas em ciência ficam em segundo plano. E essa desconexão é especialmente prejudicial em situações de saúde pública, onde a clareza e a precisão são vitais.
Embora existam algumas circunstâncias específicas onde a tosse pode ter um papel em contextos hospitalares, não existe pesquisa sólida que valide sua eficácia para leigos diante de emergências cardíacas. O melhor que qualquer pessoa pode fazer em uma emergência é reconhecer os sinais, buscar ajuda imediatamente e realizar a RCP padrão, que é a única abordagem validada por especialistas.
Se você ou alguém próximo apresentar sintomas de ataque cardíaco ou parada cardíaca, a primeira ação deve ser ligar para os serviços de emergência. Se a pessoa não estiver consciente e sem respirávamos, inicie compressões cardíacas a uma taxa de 100 a 120 por minuto, que é a diretriz recomendada por profissionais de saúde.
Utilizar desfibriladores externos automáticos (DEAs) também pode ser uma ferramenta crucial. Eles são projetados para atuar em situações críticas e podem fazer uma diferença significativa, diferente de qualquer manobra baseada na tosse.
A lição que fica é clara: em situações de emergência, a melhor defesa é se informar através de fontes confiáveis e optar por intervenções testadas e aceitas, em vez de acreditar em atalhos ou mitos que circulam nas redes sociais. Sempre que puder, busque conhecimento e compartilhe informações que possam realmente salvar vidas—porque na hora do aperto, a verdade importa muito mais do que um truque viral.