Saúde

Cuidado! Remédio 'inofensivo' que você toma pode estar arruinando sua saúde na velhice

2024-11-30

Autor: Fernanda

Muitos idosos enfrentam múltiplos problemas de saúde, cada um exigindo um tratamento específico e cuidados diferenciados. Entretanto, o uso inadequado de medicamentos pode não apenas agravar essas condições, mas também elevar os custos com a saúde para pacientes e para o sistema em geral.

Recentemente, um estudo realizado pelo Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês, publicado no JAMDA (Journal of the American Medical Directors Association), analisou aproximadamente 15 mil internações de pessoas com 60 anos ou mais. Os pesquisadores utilizaram um sistema de suporte à decisão clínica integrado aos prontuários eletrônicos, o que gerou alertas sobre a segurança e a utilização adequada de medicamentos.

Os resultados foram alarmantes: em 71,8% das internações, pelo menos um alerta indicava o uso de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos (PIMs). Esse cenário levanta preocupações, especialmente levando em conta que muitos profissionais de saúde podem subestimar os riscos de medicamentos para essa faixa etária, optando por mantê-los na prescrição apenas por já estarem em uso contínuo.

Um dos medicamentos que mais chamou atenção na pesquisa foi o omeprazol, amplamente utilizado para problemas gastrointestinais e facilmente adquirido em farmácias. No entanto, estudos mostram que o uso prolongado desse remédio pode aumentar as chances de problemas cognitivos, por interferir na absorção da vitamina B12. Além disso, em pacientes internados, o uso de omeprazol pode promover um aumento na flora bacteriana do estômago, elevando o risco de pneumonia por broncoaspiração em casos de refluxo.

Outro medicamento que merece destaque é o ciprofloxacino, um antibiótico frequentemente prescrito para infecções bacterianas graves. Para os idosos, porém, o ciprofloxacino pode provocar efeitos colaterais preocupantes, como confusão mental, que podem ocorrer nas primeiras 24 horas de uso, apresentando sintomas como desorientação e sonolência.

Esses exemplos ressaltam a necessidade de uma análise cuidadosa ao prescrever medicamentos para a terceira idade. Cada condição de saúde deve ser avaliada individualmente, considerando os riscos e benefícios de cada tratamento.

O papel da tecnologia na saúde do idoso

A vulnerabilidade da população acima de 65 anos ao uso de medicamentos potencialmente inapropriados está relacionada à diminuição da chamada reserva funcional do organismo, que é a capacidade do corpo de lidar com estresses sem comprometer seu funcionamento. Após os 30 anos, essa reserva começa a diminuir gradualmente, o que pode resultar em aumento da toxicidade e reações adversas a medicamentos.

A medicina contemporânea aposta em novas tecnologias como aliadas na prescrição de medicamentos. No Hospital Sírio-Libanês, uma ferramenta de inteligência artificial (IA) auxilia na análise dos riscos associados a medicamentos, considerando fatores como a idade e o quadro clínico de cada paciente. Essa inovação gera alertas em tempo real, garantindo que médicos sejam informados sobre possíveis interações entre medicamentos e garantindo uma abordagem mais segura e eficaz no tratamento de idosos.

É fundamental que tanto médicos quanto pacientes estejam cientes de que medicamentos comuns, se mal utilizados, podem representar sérios riscos à saúde na velhice. Uma investigação cuidadosa e um maior uso da tecnologia podem salvar vidas e melhorar a qualidade de vida de quem já passou por tanto.