O famoso calçado da marca Crocs, que se tornou um símbolo de conforto durante a pandemia, agora enfrenta restrições em diversas instituições de ensino nos Estados Unidos. Avaliada em impressionantes US$ 8 bilhões (R$ 45,65 bilhões), a empresa conquistou o coração de crianças, adolescentes e até celebridades, mas suas sandálias coloridas estão se tornando uma preocupação para a segurança escolar.

"Em nossas conversas, sempre que surge uma lesão no pé, a primeira coisa que todos mencionam é: 'Certamente, estavam usando Crocs'", comentou Oswaldo Luciano, enfermeiro em uma escola de Nova York e pai de dois filhos. Ele concorda com a decisão de algumas escolas de proibir o uso do calçado, destacando a necessidade de garantir o bem-estar dos alunos.

Pelo menos 12 estados americanos relataram que várias escolas estão barrando o uso dos Crocs, especialmente devido ao risco de tombos e quedas. O design sem as chamadas tiras de segurança atrás do calcanhar é frequentemente apontado como responsável por acidentes.

Além dos riscos físicos, os Crocs têm gerado distrações em sala de aula. Alunos costumam brincar com os enfeites que vêm com os sapatos e até lançá-los uns contra os outros, o que tem gerado incômodo entre professores e diretores.

Na Lake City Elementary, ao sul de Atlanta, as regras de uniforme são claras: "Todos os alunos devem usar sapatos fechados por segurança! (Nada de Crocs)". A LaBelle Middle School, na Flórida, informa em seu código de vestimenta que "calçados seguros devem ser usados o tempo todo", especificando que "Crocs não são permitidos".

Em resposta às proibições, a Crocs afirmou que tais restrições são "desconcertantes" e reiterou que seus produtos continuam sendo um calçado apropriado para o dia a dia. Anne Mehlman, presidente da marca, afirmou que não possui dados que comprovem um aumento nas proibições nas escolas.

A empresa viu suas vendas anuais triplicarem nos últimos quatro anos, ajudadas principalmente pela busca das crianças por conforto durante a pandemia e colaborações com estrelas como Post Malone e Justin Bieber. Uma pesquisa da Piper Sandler revelou que a Crocs ocupa agora o status de uma das dez marcas favoritas entre adolescentes. As ações da marca tiveram um desempenho que superou em mais de três vezes o índice S&P 500 desde 2018.

Entretanto, existem indícios de que o crescimento pode estar desacelerando. Espera-se que as vendas aumentem apenas 0,4% no terceiro trimestre, o que pode indicar um panorama preocupante, já que essa é uma época crítica para compras escolares. Neil Saunders, diretor-gerente de varejo da GlobalData, alertou que, embora ainda não se tenha evidências diretas de que as proibições estão afetando as vendas, o impacto negativo é inegável.

"Uma mãe de Nova York, Siobhan Joshua, relata que decidiu comprar um par de tênis sem cadarço para sua filha de 10 anos, após a escola proibir o uso de Crocs durante o recreio. Sua filha, que já teve um acidente na escada rolante devido ao Crocs, tinha recebido oito pontos na canela. "É curioso como compramos Crocs pensando na segurança e agora eles são considerados inseguros nas escolas", conclui Joshua.

Com a queda da popularidade dos Crocs em alguns ambientes, pais e alunos ainda lutam para entender a contradição entre conforto e segurança. Fique de olho, as mudanças nas tendências de moda podem impactar diretamente no que você e seus filhos estão acostumados a usar!