COP16: UE enfrenta críticas severas e é chamada de 'colonizadora' em negociações
2024-11-01
Autor: Carolina
As negociações na COP16, Conferência sobre Biodiversidade, em Calí, Colômbia, foram marcadas por um clima de tensão, especialmente em relação ao papel da União Europeia. Os valores oferecidos por alguns dos países mais ricos do mundo geraram revolta entre os negociadores.
A Áustria anunciou uma contribuição de 3,0 milhões de euros, enquanto a Dinamarca se comprometeu a contribuir com 100,0 milhões de coroas dinamarquesas, cerca de US$ 14,5 milhões, em 2024. A França acrescentou 5,0 milhões de euros, aproximadamente US$ 5,4 milhões, e a Alemanha prometeu um adicional de 50,0 milhões de euros, que se somam aos 40,0 milhões do ano anterior. A Noruega, dependente da aprovação do Parlamento, está disposta a contribuir com 150 milhões de coroas norueguesas (cerca de US$ 13,7 milhões), enquanto o Reino Unido anunciou uma ajuda de £45 milhões (cerca de US$ 58,4 milhões).
No entanto, a decepção foi clara quando a União Europeia começou a dificultar a inclusão de um parágrafo sobre a situação dos afrodescendentes — um ponto crucial negociado por Brasil e Colômbia. Segundo a entidade Geledés - Instituto da Mulher Negra, "essa é mais uma evidência de que a população afrodescendente está sendo usada como moeda de troca em discussões internacionais na COP16".
As críticas não pararam por aí. O documento que visava assegurar o reconhecimento e a participação plena dos povos afrodescendentes nas negociações foi, segundo denúncias, sequestrado pela União Europeia, levantando questões sérias sobre colonialismo e exclusão.
Barbara Reynolds, presidente do Grupo de Trabalho de Especialistas em Afrodescendentes da ONU, expressou seu apoio à inclusão dos afrodescendentes nas discussões da COP16, ressaltando a importância de reconhecer esses grupos como atores fundamentais na conservação e uso sustentável dos biomas que habitam. É imprescindível que o documento, em discussão, alinhe-se com posições já abordadas em outros fóruns internacionais, como o Conselho de Direitos Humanos, que reconheceu o papel vital das populações afrodescendentes na preservação da biodiversidade.
Os ativistas pedem que a COP16 não apenas reconheça, mas garanta direitos a estes grupos, que historicamente têm sido marginalizados e invisibilizados. O cenário atual exige uma mudança urgente nas abordagens das potências globais, sob pena de perpetuar as dinâmicas colonizadoras que já se mostraram tão prejudiciais ao longo da história.