Confusão no G20: Argentina tenta barrar menção a imposto sobre super-ricos na cúpula
2024-11-15
Autor: João
Em meio aos preparativos finais para a declaração que será divulgada pelos líderes do G20 na próxima semana, a Argentina surpreendeu os negociadores ao mudar sua posição em relação à proposta de taxação dos super-ricos. Fontes oficiais revelaram ao GLOBO que o país corre o risco de ficar fora do documento final devido a essa nova postura, que foi comunicada pelos negociadores argentinos liderados pelo sherpa Federico Pinedo.
Os representantes da Argentina informaram que receberam "novas instruções" da Casa Rosada e passaram a se opor à inclusão da taxação de super-ricos, uma proposta considerada de grande importância pelo Brasil. Funcionários do governo brasileiro expressaram sua indignação, alegando que a Argentina estaria "traindo um texto e uma linguagem já acordados". A tensão entre as delegações aumentou quando, em um jantar realizado nos Estados Unidos, o presidente Javier Milei se encontrou com Donald Trump e Elon Musk, ambos críticos da proposta brasileira.
Antes da mudança abrupta, os negociadores brasileiros estavam otimistas quanto ao andamento das negociações com a Argentina. No entanto, os eventos do final do dia anterior fizeram com que a situação se tornasse tensa, com algumas fontes oficiais sugerindo que a Argentina poderia ser excluída da declaração presidencial se persistisse em sua nova posição. "Se todos os outros países concordarem e a Argentina não assinar, é isso", explicou uma fonte.
A proposta de taxação dos super-ricos, que consiste em uma taxa de 2% sobre a riqueza dos bilionários, poderia arrecadar entre US$ 200 e US$ 250 bilhões. Essa ideia foi inspirada em um estudo do economista francês Gabriel Zucman, reconhecido especialista em economia da desigualdade. Ele é um defensor fervoroso da implementação de impostos sobre grandes fortunas, propondo que a declaração final reflita o compromisso dos países em enfrentar a desigualdade crescente.
Especialistas alertam que, se a proposta for aprovada, poderia marcar um divisor de águas na forma como as nações lidam com a distribuição de riqueza. No entanto, a resistência da Argentina complica ainda mais a situação, com muitos analistas questionando o futuro do compromisso do G20 sobre a taxação de super-ricos.