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Comediante Tatá Mendonça Relata Importunações em Show e Lança Apelo Contra Assédio

2024-09-19

Tatá Mendonça, uma renomada comediante cega, trouxe à tona uma importante questão sobre assédio sexual no meio artístico durante uma apresentação recente. Ela está no elenco do especial 'Falas de Acesso', que vai ao ar na Globo na próxima segunda-feira (23).

Durante o dia do episódio, Tatá se apresentou em uma casa de shows, onde teve duas sessões esgotadas. Ao final da primeira apresentação, o que deveria ser um momento de celebração rapidamente se tornou desconfortável. Um integrante da equipe, conhecido como Cadu, tocou Tatá de maneira extremamente inadequada, provocando uma sensação de pânico e tristeza na comediante.

"Eu sou extremamente tímida e já enfrentei assédios antes, o que me fez deixar o esporte paralímpico. Fiquei devastada ao perceber que isso estava acontecendo ao meu redor, e ninguém parecia notar. A sensação de que 150 pessoas estavam ali, sem perceber o que estava acontecendo, foi muito angustiante", desabafou.

Tatá agora expressa sua preocupação não só por si própria, mas também pelas mulheres que frequentam shows e performances. "Se uma pessoa que passou por uma situação semelhante estivesse na plateia, como ela se sentiria? Isso é desumano e destrutivo", comentou, enfatizando que muitas vezes o silêncio das pessoas ao redor contribui para a perpetuação desses ataques.

Após o incidente, Tatá decidiu não se calar e registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Pessoa com Deficiência em São Paulo. Ao fazer isso, ela anexou um vídeo do episódio para comprovar sua versão dos fatos.

"A violência que sofremos, especialmente quando se trata de assédio, é uma experiência devastadora. A sensação de humilhação é inominável", afirmou. Ela destacou que, mesmo enfrentando essa situação, ainda conseguiu realizar sua apresentação subsequente, subestimando suas emoções para não prejudicar seu público. "O público não merece passar por esse tipo de escândalo enquanto busca por entretenimento", disse.

Com essa situação, Tatá quer abrir um diálogo sobre capacitismo e machismo no meio artístico. "As pessoas com deficiência também têm o direito de falar sobre sexualidade. É um assunto que precisa ser discutido abertamente", defendeu, ressaltando que a sociedade muitas vezes marginaliza esse tipo de discurso.

Ela não é a primeira a relatar incidentes de assédio e reconhece que, ao longo da sua carreira, precisou ser constantemente vigilante. "Durante sessões de fotos, muitas vezes tenho que criar uma redoma ao meu redor para evitar ser assediada. As pessoas frequentemente ignoram a necessidade de respeitar nosso espaço pessoal", afirmou Tatá.

Além do apelo à segurança e respeito, Tatá Mendonça deseja que esse relato incentive outras mulheres a se manifestarem sobre experiências semelhantes. "Nós, mulheres, temos o direito de trabalhar e expressar nossas opiniões e emoções sem medo do assédio. É hora de parar essa cultura de silêncio e vergonha", concluiu.

O caso gerou grande repercussão e levanta questões sobre a necessidade de maior conscientização e medidas de proteção para artistas, especialmente aqueles que enfrentam barreiras adicionais como deficiência. A sociedade precisa entender que o respeito deve ser incondicional e todos têm o direito de trabalhar em um ambiente seguro.