O cenário do futebol brasileiro está passando por uma transformação impressionante, e essa mudança é liderada pelos clubes do Rio de Janeiro. O segredo por trás desse fechamento de distância em relação aos grandes paulistas? A resposta é simples: investimento. Contudo, não se trata apenas da injeção de dinheiro em contratações chamativas, mas sim na reestruturação total das instituições e na melhoria de suas infraestruturas.

Clubes como Flamengo, Fluminense e Botafogo têm realizado reformas significativas em seus centros de treinamento. O Flamengo, por exemplo, não apenas tem voltado a colher frutos dentro de campo, mas também sanou suas finanças, um passo crucial para a sustentabilidade de longo prazo. O Botafogo se reergueu após a criação da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) e investimentos de John Textor, enquanto o Fluminense tem aproveitado sua famosa base de Xerém para desenvolver talentos e gerar receita.

Menos de uma década se passou desde que os clubes cariocas enfrentavam situações humorísticas, como a época em que cavalos eram vistos nos campos de treinamento do Ninho do Urubu. Hoje, essas instituições possuem centros de treinamento de excelência, equipados com tecnologia de ponta. Essas melhorias estão fazendo com que se equiparem a estruturas como a do Palmeiras, considerada uma das melhores do Brasil.

Altamiro Bottino, fisiologista e coordenador científico da equipe do Cuiabá, destaca que a primeira estrutura física de excelência foi construída pelo São Paulo na década de 1990, mas a falta de integração entre os departamentos acabou comprometendo esse avanço. Hoje, o Botafogo, por exemplo, fez grandes progressos na gestão de dados, alavancando a integração entre a fisiologia, o departamento médico e o scout.

Além da infraestrutura aprimorada, a verdadeira revolução está na profissionalização do futebol, que exige um esforço conjunto de todos os setores do clube. As decisões agora são tomadas em conjunto e não ditadas apenas pelo treinador, algo que mostra um avanço na gestão dos clubes.

A evolução no futebol carioca é evidente. Uma simples obturação mal feita pode impactar no rendimento em campo, e isso levou os clubes a buscar acompanhamento odontológico e avaliações por imagem em movimento para garantir a melhor performance possível dos seus atletas. Com calendários exigentes e muitas partidas, a logística também se tornou crucial, com gastos com voos fretados, destacando a importância de um descanso adequado para os jogadores.

Por outro lado, a mudança não é apenas física; envolve uma transformação cultural no tratamento dos atletas. Os jogadores que passaram por experiências no exterior valorizam a excelência, e isso se reflete no retorno de ícones como Thiago Silva ao Fluminense, onde encontrou uma estrutura capaz de atender suas demandas.

Recentemente, o Fluminense completou um ciclo de melhorias, transferindo o time profissional para o CT Carlos Castilho e investindo na modernização das instalações. A previsão é erguer uma área de hotelaria, um passo significativo para aprimorar ainda mais a estrutura do clube e proporcionar melhores condições aos atletas.

Enquanto isso, os clubes paulistas estão se mexendo para não ficar à deriva. O São Paulo reformou seu CT da Barra Funda e modernizou diversas áreas, incluindo seu Reffis. O Corinthians, por outro lado, está fazendo melhorias mais sutis, mas planeja um grande avanço em 2025, especialmente em tecnologia e recuperação.