Cientistas reconstroem o rosto da 'vampira' polonesa enterrada com cadeado no pé
2024-10-30
Autor: Maria
Enterrada com um cadeado no pé e uma foice de ferro sobre o pescoço, Zosia passou a ser uma lenda em sua vila na Polônia, onde era temida e considerada uma vampira. Sepultada em um cemitério não identificado em Pien, no norte da Polônia, a jovem despertou o interesse de cientistas, que agora conseguiram reconstituir seu rosto usando técnicas modernas de DNA, impressão 3D e modelagem em argila.
O archeólogo sueco Oscar Nilsson, que lidera a equipe, comentou sobre a ironia do caso: "As pessoas que a enterraram fizeram de tudo para impedi-la de voltar dos mortos... nós fizemos de tudo para trazê-la de volta à vida". Zosia, que viveu há aproximadamente 400 anos, teve seu esqueleto desenterrado em 2022 pela equipe da Universidade Nicolau Copérnico de Torun.
Acredita-se que ela tinha entre 18 e 20 anos no momento de sua morte. Estudando seu crânio, os cientistas descobriram que a jovem poderia ter sofrido de uma condição que a causava desmaios e dores de cabeça, além de potenciais problemas de saúde mental, algo que poderia ter alimentado as crenças sobrenaturais da época.
Na Polônia do século 17, a superstição era comum, especialmente em tempos de guerras e epidemias. O uso de objetos como a foice, o cadeado e pedaços de madeira, encontrados no tumulo, era visto como uma forma de proteção contra seres sobrenaturais. O local onde Zosia foi enterrada era designado como número 75 e apresentava outros corpos, incluindo o de uma criança enterrada de cabeça para baixo e com cadeado nos pés, também considerados vampiros.
Nilsson sugere que a jovem provavelmente provinha de uma família rica, possivelmente nobre, pois os artefatos encontrados em sua sepultura indicam um certo status social.
O projeto de recriação do rosto de Zosia iniciou-se pela produção de uma réplica em 3D do seu crânio, seguida pela aplicação de camadas de argila para esculpir suas características faciais de forma detalhada. O arqueólogo utilizou a estrutura óssea combinada com certos dados demográficos para definir o traço do rosto.
“É emocionante ver um rosto voltando dos mortos, especialmente considerando a história trágica dessa jovem,” disse Nilsson. Ele expressou seu desejo de trazer Zosia de volta "como humana, e não como esse monstro que ela parece ser aos olhos da sociedade". Com esta pesquisa, a equipe não só resgata uma figura histórica, mas também desafia as crenças grotescas que cercam os mortos em um passado marcado pela superstição e medo.