Cientista da USP de Ribeirão Preto conquista prêmio internacional por suas inovações na saúde mental
2025-01-10
Autor: Ana
A enfermeira Fabiana Maria das Graças Corsi Zuelli, de 34 anos, sempre teve uma conexão íntima com a ciência, influenciada pelo pai biomédico, que a levava ao seu trabalho. Este incentivo juvenil deu origem a um fascínio por microscópios e a vontade de explorar as complexidades da saúde.
Recentemente, Fabiana foi reconhecida pela Usern (Rede de Pesquisa e Educação Científica Universal) como uma das cientistas jovens mais influentes do mundo em ciências médicas, sendo a primeira brasileira a receber tal distinção. "Foi uma surpresa, com certeza. Todo pesquisador quer ser reconhecido por seu trabalho", declarou em entrevista. "Esse prêmio é uma vitória não só pessoal, mas de toda a nossa equipe de pesquisa na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP."
A relevância do prêmio da Usern se dá por reconhecer cientistas em início de carreira que se destacam por suas contribuições valiosas à ciência e à humanidade. Os escolhidos são indicados por um amplo conselho composto por mais de 600 cientistas renomados, incluindo laureados com o Prêmio Nobel e Abel.
Entre os laureados, estavam Andrea Luppi do Reino Unido (ciências formais), Dongliang Chao de Hong Kong (ciências físicas e químicas), Tiziana Cappello da Itália (ciências biológicas), e Ewa Szumowska da Polônia (ciências sociais).
Fabiana, que cresceu em Ribeirão Preto, sempre contou com o apoio dos pais durante sua trajetória acadêmica. Formada em enfermagem na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP, sua jornada científica começou com um projeto de iniciação científica em enfermagem psiquiátrica, onde começou a explorar a área da saúde mental.
Com dois estágios no exterior, Fabiana integrou uma equipe no Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias (Crid), onde suas investigações se aprofundaram na relação entre fatores ambientais, o sistema imunológico e pacientes em episódios iniciais de psicose. Seu trabalho é parte de um consórcio internacional com 17 centros em seis países, destacando o Crid como a única entidade brasileira não europeia nesse contexto.
Sua pesquisa foi inovadora ao estabelecer uma conexão significativa entre a resposta inflamatória do sistema imunológico e o risco de desenvolver transtornos psicóticos. "Encontramos altos níveis de marcadores inflamatórios em pacientes no primeiro episódio psicótico, especialmente aqueles com traumas na infância", revelou Zuelli. Este achado sugere que a inflamação e experiências adversas podem ser gatilhos para surtos psicóticos, mesmo em pacientes sem condições psiquiátricas anteriores.
Fabiana também está se preparando para um pós-doutorado na Universidade de Oxford, onde pretende avançar suas investigações sobre o impacto da inflamação no campo da psiquiatria. Ela já possui 29 publicações focadas nos mecanismos imunológicos das psicoses e destaca: "Este prêmio é um reconhecimento não só do meu trabalho, mas também do ensino público que me formou."
Repleta de sonhos e realizações, Fabiana afirma que a pesquisa é sua vida: "Respiro ciência todo o tempo. Mesmo após a conclusão do doutorado, mantenho colaborações internacionais e estou ansiosa para esta nova fase na minha carreira."
Quem diria que uma paixão cultivada na infância poderia culminar em uma carreira tão brilhante e revolucionária? O futuro promete ainda mais descobertas e contribuições para a saúde mental com a dedicação e a visão dessa jovem cientista brasileira.