'Ciência é para todos': exposição destaca os astrofísicos brasileiros negros no Planetário de Brasília
2024-11-13
Autor: Ana
A exposição intitulada 'Astrofísica dos Corpos Negros' foi inaugurada no Planetário de Brasília e ficará aberta ao público até 28 de dezembro, com entrada gratuita. A iniciativa, coordenada pela astrofísica Eliade Lima, busca inspirar novos cientistas brasileiros, especialmente negros, a se verem na ciência.
Logo na entrada da exposição, os visitantes são recebidos por uma ilustração que apresenta dez astrofísicos negros e suas áreas de atuação, revelando a rica diversidade na pesquisa astronômica. A proposta é envolver o público em uma trajetória de aprendizado e descoberta com uma perspectiva antirracista, promovendo informações sobre estrelas, planetas e o universo a partir da experiência de homens e mulheres negros.
Um dos pontos altos da exposição é a utilização de tecnologia de realidade virtual, que permite que os visitantes vivenciem as histórias dos astrofísicos homenageados de forma interativa. Painéis informativos exibirão imagens e textos que abordam as contribuições de cada especialista, enquanto vídeos projetados na cúpula do planetário apresentarão explicações sobre a origem das estrelas.
Na visão de Eliade Lima, a ciência precisa ser necessariamente mais inclusiva. “Uma mãe se emocionou ao comentar que levaria seu filho à exposição, sonhando que ele possa se imaginar como um astrofísico no futuro”, diz. O professor Alan Alves Brito, que também é um dos homenageados, complementa: “A ciência não é neutra; nossas trajetórias e modos de pensar precisam ser representados.”
As barreiras enfrentadas por cientistas negros no ambiente acadêmico ainda são significativas. Entre elas, destaca-se a falta de modelos de inspiração e a dificuldade de permanência nas universidades, exacerbadas por questões estruturais e raciais. Eliade e Alan são vozes importantes que denunciam o racismo estrutural presente nas instituições acadêmicas, assim como o assédio, que pode ser um fator crítico para a permanência de mulheres e homens negros nas ciências.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que, embora haja um crescimento no número de grupos de pesquisa que incluem pesquisadores negros, apenas 28,1% desses grupos têm um líder negro. Isso mostra que o caminho para a equidade é longo e desafiador.
Para Eliade, a solução para essa lacuna passa por aumentar a diversidade na ciência. “Falar sobre representatividade é falar de desenvolvimento e oportunidade. Queremos que crianças, jovens e adultos se vejam como parte do mundo científico”, afirma.
Essa exposição, além de servir como um espaço de reflexão e aprendizado, busca também combater estereótipos e inspirar futuras gerações de cientistas. Entre as atividades do evento está um quiz interativo que testa o conhecimento dos participantes sobre astrofísica, oferecendo curiosidades fascinantes sobre o universo.
Programe-se:
A exposição 'Astrofísica dos Corpos Negros' acontece no Planetário de Brasília, de terça a domingo, das 7h às 19h30. Não perca a chance de se inspirar nas histórias de superação e sucesso destes astrofísicos que estão mudando a cara da ciência no Brasil.