A história de Paola Passos, uma fisioterapeuta de 40 anos, é um testemunho de coragem e resiliência. Sempre sonhando com a maternidade, Paola enfrentou obstáculos para engravidar de sua primeira filha, Clara, recorrendo à fertilização in vitro. Para sua surpresa, pouco tempo depois, engravidou naturalmente de sua caçula, Liz. Entretanto, essa gestação começou cercada de dificuldades, incluindo um diagnóstico devastador: um câncer de mama agressivo, já em fase de metástase.

Com apenas três meses de gestação, a nova realidade de Paola parecia esmagadora. "Senti-me impotente e achava que não conseguiria dar à luz a minha filha, pois meu corpo estava doente. Passei semanas chorando, sem conseguir comer ou dormir", relatou Paola. Porém, após uma viagem que fez com seu marido para se reconectar com a natureza, ela decidiu se permitir viver a gestação de maneira plena, não desistindo de celebrar o chá revelação da sua filha e mostrando a ela a felicidade que sentiu durante a gravidez.

A batalha contra um tumor de nove centímetros que se espalhou para os linfonodos não foi fácil, mas Paola encarou a quimioterapia enquanto carregava Liz. "Apesar de sentir fraqueza e precisar de transfusões de sangue, não deixei de viver momentos especiais, como ir ao show da Marisa Monte, mesmo de cadeira de rodas", compartilhou.

Liz nasceu saudável no final do oitavo mês de gestação, sendo fundamental o apoio e a atenção da equipe médica durante todo o processo. Paola enfatizou a importância de ter um médico que a encorajava e escutava suas preocupações, algo vital em momentos tão desafiadores.

Após o nascimento, Paola enfrentou a frustração de não poder amamentar por conta da quimioterapia, mas continuou sua luta contra o câncer, que culminou em uma mastectomia. Hoje, ela é considerada curada e luta para conscientizar outras mulheres sobre a importância da prevenção e do autoexame, lembrando que "o câncer não é uma sentença de morte; a medicina avançou muito nos últimos anos."

A sua história traz à luz uma questão fundamental: a necessidade de que as gestantes realizem exames de mama durante o pré-natal. A oncologista Laura Testa ressalta que muitas mulheres chegam em estágios avançados da doença, o que poderia ser evitado com um acompanhamento mais rigoroso. Embora alguns tratamentos sejam limitados, a equipe médica, como Paola evidencia, pode fornecer um cuidado seguro e adequado. A gravidez não deve ser um obstáculo para o tratamento do câncer, e cada caso deve ser avaliado individualmente.

Além disso, é essencial que as futuras mães entendam que atrasar o tratamento não é a solução; isso pode agravar sua condição e trazer riscos ao bebê. Assim, uma abordagem multidisciplinar é fundamental, envolvendo obstetras e oncologistas para garantir a saúde tanto da mãe quanto da criança.

A jornada de Paola é um poderoso lembrete de que, mesmo frente a adversidades, a força feminina e o suporte de uma rede médica apaixonada podem fazer uma diferença monumental na vida das mulheres. Uma história que inspira a todos e reafirma a importância de cuidar da saúde, especialmente durante momentos tão especiais como a gravidez.