Washington Post se mantém neutro e é criticado por ex-editor-executivo por não apoiar candidatos nas eleições
2024-10-25
Autor: Gabriel
O renomado jornal "The Washington Post" anunciou uma mudança drástica em sua política editorial, decidindo não apoiar nenhum candidato à presidência nas eleições deste ano. Esta é a primeira vez em 36 anos que o periódico se abstém de publicar um editorial endossando um alguma candidatura.
Historicamente, desde 1976, o Washington Post tem apoiado majoritariamente candidatos do Partido Democrata, com a única exceção registrada na eleição de 1988, quando o jornal também optou pela neutralidade. Porém, em um editorial divulgado recentemente, a redação declarou que a partir de agora se concentrará em oferecer notícias imparciais e opiniões que incentivem a formação de pensamentos críticos entre os leitores.
Esse editorial provocou reviravoltas internas, revelando que uma versão inicial apoiava a candidata democrata Kamala Harris, mas foi vetada pelo proprietário do jornal, Jeff Bezos, o bilionário fundador da Amazon. Segundo colunistas do próprio veículo, essa decisão foi imposta por Bezos, o que gerou uma onda de críticas.
Martin Baron, ex-editor-executivo do The Washington Post, manifestou sua indignação em suas redes sociais, qualificando a postura do jornal como "covardia". Ele argumentou que essa decisão poderia fortalecer a intimidação de Donald Trump sobre Bezos e ressaltou que a democracia poderia ser a maior vítima dessa falta de coragem.
Por outro lado, o apoio à Kamala Harris foi explicitamente confirmado pelo jornal "The New York Times", que divulgou um editorial ao final de setembro afirmando que, entre os candidatos, Harris é a única escolha patriótica, em oposição a Trump, que foi descrito como moralmente e temperamentalmente inapto para a presidência.
A decisão do Washington Post não foi uma anomalia isolada. O "L.A. Times", da Califórnia, não anunciou apoio a candidatos nas eleições, seguindo uma linha similar ao Post. O veículo também tinha um editorial preparado para apoiar Kamala Harris, mas este foi vetado pelo seu proprietário, resultando em demissões na equipe editorial e gerando forte descontentamento entre os leitores.
As reações a essas decisões editoriais em grandes veículos de imprensa refletem um momento crítico na política dos Estados Unidos, onde a integridade da cobertura jornalística e o papel dos meios de comunicação como agentes de democracia estão sob escrutínio intenso. Com a proximidade das eleições, a expectativa é que essas polêmicas continuem a gerar debate sobre a ética e a responsabilidade da mídia em tempos de polarização política.