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BYD Shark: Preço Salgado Levanta Polêmica, Mas Será que Realmente É Caro Demais?

2024-10-28

Autor: Mariana

Por que a BYD cobra um preço tão alto pela picape Shark? A resposta está relacionada ao que essa caminhonete híbrida plug-in oferece. É a primeira do Brasil a entrar nesse segmento, o que significa que traz tecnologia avançada garantindo redução de consumo e emissões. Além disso, de acordo com a montadora, a Shark tem uma autonomia impressionante de até 840 km, algo extremamente valorizado pelos consumidores.

Outro ponto a ser considerado é o tamanho da picape. Com 10 centímetros a mais que a média do setor, ela se destaca pela no conforto interno, oferecendo espaço adequado para três passageiros na parte traseira, diferentemente de outras picapes médias tradicionalmente baseadas em chassis.

Além disso, a qualidade de acabamento é notavelmente superior, utilizando materiais macios e emborrachados nas portas e painéis. No quesito tecnologia, a Shark não deixa a desejar, contando com recursos como Controle de Cruseiro Adaptativo (ACC), sistema de manutenção em faixas, e uma tela multimídia giratória, além de câmeras de 360 graus para facilitar manobras.

Em comparação com a Ford Ranger Limited Pack, que também possui muitos desses recursos, a Shark se destaca com seus 435 cv de potência, permitindo uma aceleração de 0 a 100 km/h em apenas 5,7 segundos, afirmando sua posição como a picape mais rápida do Brasil até novembro, quando a nova RAM 1500 será lançada, prometendo uma aceleração ainda mais rápida de 5,3 segundos.

Ainda assim, é importante ressaltar que o preço da Shark pode ser um ponto de discórdia, custando quase R$ 400 mil, o que a coloca em uma faixa alta. O lançamento da picape ocorreu em 19 de outubro, durante um evento exclusivo no Autódromo Ayrton Senna, em Goiânia, onde o foco sobrou no público do agronegócio, uma escolha que pode ser considerada arriscada, já que esse segmento costuma ser conservador em suas escolhas.

O consumo do agronegócio geralmente favorece picapes com motor a diesel devido à sua robustez e confiabilidade. O consumidor rural busca um veículo que transmita força e resistência, mesmo que a maioria dos proprietários não utilize suas picapes para trabalho pesado, mas para o dia a dia. A demanda por picapes com tração 4x4 temporária e robustez é significativa, e a Shark, com sua tração sob demanda e suspensão traseira independente, pode não atender completamente essas expectativas.

Pesquisas mostram que o público do agronegócio tende a escolher marcas com uma longa história de confiabilidade, como Toyota e Chevrolet. Apesar de a nova geração da Ranger ter conseguido alguns clientes que antes eram fiéis a marcas tradicionais, eles ainda investem em picapes que têm um histórico comprovado de resistência e baixo custo de manutenção, algo em que a BYD ainda está construindo sua reputação no Brasil.

Por outro lado, o agronegócio não se resume apenas a picapes que são feitas para o trabalho. O setor também abrange consumidores de alto poder aquisitivo, que são atraídos por marcas de luxo como BMW e Mercedes-Benz. É aí que a BYD pode ter visto uma oportunidade: direcionar a Shark para esses clientes que buscam um veículo diferente, que une tecnologia e conforto, mas o grande desafio é convencer esse público a escolher um modelo desconhecido ao invés de marcas consolidadas.

Para atrair o público urbano, a Shark tem que se transformar em algo muito mais desejável do que simplesmente uma picape. A montadora precisa enfatizar os benefícios de um veículo que pode rodar em modo elétrico, que oferece uma experiência de direção diferente e que é ideal para um estilo de vida moderno nas grandes cidades. Em São Paulo, onde os veículos híbridos têm diversas vantagens, como isenção de rodízio, a Shark poderá conquistar essa fatia de mercado. Portanto, com a estratégia correta, a BYD pode conquistar o consumidor urbano enquanto está aprendendo a navegar pelo complexo mundo do agronegócio.