Buraco negro no centro da nossa galáxia: ameaça ou mistério? Descubra tudo sobre Sagitário A*
2024-11-05
Autor: Ana
Tamanho Gigantesco
Astrônomos estimam que Sagitário A* (pronunciado "Sagitário A estrela" e abreviado como Sgr A*) possui uma massa colossal, cerca de 4,3 milhões de vezes superior à do nosso Sol. Seu diâmetro é impressionante, chegando a aproximadamente 23,5 milhões de quilômetros. Embora isso pareça enorme, em comparação com a Via Láctea - uma galáxia espiral com 100.000 anos-luz de largura e 1.000 anos-luz de espessura - Sgr A* é relativamente pequeno. Buracos negros, de forma geral, são objetos extremamente compactos e densos.
O disco de acreção que o rodeia, composto por uma mistura de gases, poeira e outros materiais cósmicos que se alimentam do buraco negro, se estende por entre 5 a 30 anos-luz. Esse material pode atingir temperaturas de até 10 milhões de graus Celsius na região mais interna, devido ao atrito entre as partículas.
Funcionamento do Gigante
A maioria das galáxias espirais e elípticas possui um objeto supermassivo como Sagitário A* em seu centro. Todo o conteúdo da Via Láctea, com cerca de 13,6 bilhões de anos, orbita em torno deste buraco negro, incluindo nosso próprio Sistema Solar, que está a aproximadamente 26.000 anos-luz de distância. Enquanto ele permanece dormente por longos períodos, eventualmente absorve matéria, gerando flashes de raios-X que podemos detectar.
Os buracos negros "comuns" se formam a partir do colapso de estrelas massivas após a parada da fusão nuclear. No entanto, o processo que resulta em um buraco negro supermassivo como Sagitário A* ainda é um mistério. Uma hipótese sugere que ele cresceu alimentando-se de matéria ao seu redor, enquanto outra propõe que surgiu da fusão de buracos negros menores.
Devemos Temê-lo?
Embora buracos negros não "sugam" matéria no sentido literal, sua gravidade pode capturar tudo o que se aproxima. Contudo, como estamos a uma distância segura de Sagitário A*, não devemos nos preocupar. Se, por um acaso, nosso Sol fosse substituído por um buraco negro do mesmo tamanho, a Terra continuaria em sua órbita estável, embora sem o calor e a luz solar, o que tornaria a vida impossível.
Sagitário A* atualmente não acumula matéria suficiente para ser classificado como um núcleo galáctico ativo (AGN). Para que isso acontecesse, um corpo celeste deveria aproximar-se consideravelmente dele. No entanto, uma grande mudança é esperada em aproximadamente 4 bilhões de anos, quando a Via Láctea irá colidir e se fundir com a galáxia de Andrômeda. Esse evento poderá trazer um buraco negro ainda maior para a nossa vizinhança.
Observações Desafiadoras
Detectar buracos negros é uma tarefa complexa, pois não emitem luz e são cercados por um "horizonte de eventos", além de que a poeira interestelar dificulta a observação. Entretanto, astrônomos conseguiram desenvolver métodos para estudar Sgr A*. Um exemplo é o monitoramento da estrela S2, que orbita a cerca de 18 bilhões de quilômetros, movendo-se a uma velocidade de 11,4 km/h em uma órbita elíptica que leva 16 anos para completar.
Visualmente, Sgr A* está localizado entre as constelações de Sagitário e Escorpião, próximo ao Aglomerado da Borboleta (M6) e à estrela Shaula. O que conseguimos observar é o disco de acreção, uma vez que o buraco negro em si não emite luz.
Imagens Revolucionárias
Nossos instrumentos ópticos sozinhos não seriam capazes de capturar um buraco negro, e a imagem de Sagitário A* foi uma verdadeira revolução científica. Obtida através do projeto Event Horizon Telescope (EHT), que opera através de uma rede de 11 rádio-observatórios localizados em diferentes partes do planeta, essa captura envolveu a utilização sincronizada de todos os telescópios para simular um telescópio do tamanho da Terra.
A imagem resultante, ainda que pareça borrada, possui uma resolução impressionante. Este foi o segundo buraco negro diretamente fotografado, sucedendo o primeiro, que foi o buraco negro na galáxia M87, a 55 milhões de anos-luz da Terra. Curiosamente, as cores mostradas nas imagens não representam a verdadeira aparência do buraco negro, mas são uma escolha dos cientistas para indicar a intensidade da luz detectada.
Descobertas ao Longo das Décadas
As teorias sobre o objeto central da Via Láctea começaram a surgir na década de 1930, quando o físico Karl Jansky captou um sinal de rádio vindo da direção de Sagitário. O sinal foi identificado como sendo de Sagitário A* em 1974 por Bruce Balick e Robert L. Brown. Nas décadas seguintes, muitos cientistas trabalharam para entender a natureza deste objeto, que foi finalmente confirmado como um buraco negro em 2008, quando Reinhard Genzel e Andrea Ghez determinaram sua massa e diâmetro, sendo reconhecidos com o Prêmio Nobel de Física por essa descoberta incrível.
Em 2018, cientistas conseguiram observar as interações entre gás quente próximo ao buraco negro, movendo-se a uma velocidade impressionante, corroborando todos os modelos teóricos. As investigações e observações sobre Sagitário A* não apenas desvendam os mistérios do nosso universo, mas também ajudam a compreender como as galáxias evoluem e se interagem ao longo do tempo. Assim, a jornada de exploração científica continua e muitas emoções ainda estão por vir em nosso aprendizado sobre esta majestosa estrutura no cosmos.