O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noel Barrot, fez um alerta alarmante nesta quarta-feira (2): se as potências mundiais não conseguirem um novo acordo com o Irã em relação ao seu polêmico programa nuclear, um confronto militar pode se tornar "inevitável".

Após uma reunião não divulgada de ministros e especialistas convocada pelo presidente Emmanuel Macron, o ministro enfatizou a urgência de encontrar uma solução diplomática. A meta é estabelecer limites ao enriquecimento de urânio iraniano até o verão e, crucialmente, antes da expiracão das sanções da ONU em outubro de 2025, que foram impostas por conta do acordo de 2015.

O temor de um ataque militar também é visível na crescente tensão entre as potências ocidentais, que acreditam que o programa nuclear do Irã é um disfarce para o desenvolvimento de uma bomba atômica. O Irã, por sua vez, nega categoricamente que tenha qualquer intenção de criar armas nucleares.

“A janela de oportunidade está se fechando rapidamente. Temos apenas alguns meses até que o acordo de 2015 expire. Se as negociações falharem, um conflito militar parecerá quase inescapável”, declarou Barrot durante uma audiência no Parlamento.

Esta emergência levou a uma reunião de gabinete rara entre os aliados europeus, onde a preocupação é clara: se os EUA e Israel decidirem agir, ataques aéreos às instalações nucleares do Irã podem ser acionados, a menos que um acordo seja alcançado rapidamente.

Diante dessa situação tensa, o Pentágono anunciou que está reforçando suas capacidades militares no Oriente Médio, adicionando mais aeronaves à região. Isso ocorre em meio a uma campanha dos EUA contra os houthis, que são apoiados pelo Irã e controlam partes significativas do Iémen.

A lembrança dos alertas feitos por Donald Trump também ecoa: no último domingo, ele ameaçou o Irã com bombardeios e tarifas severas, caso o país não se comprometesse com novas negociações nucleares. A presença do ministro das Relações Exteriores de Israel em Paris, programada para esta quinta-feira (3), reforça o cerco diplomático que está se formando ao redor do Irã.

Os ministros da França, Reino Unido e Alemanha, todos signatários do acordo de 2015, planejam discutir as preocupações sobre o Irã com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, durante uma reunião ministerial da OTAN em Bruxelas.

Desde que os EUA se retiraram do acordo de 2015, o Irã superou todos os limites estabelecidos, acumulando urânio enriquecido a níveis que não seriam aceitáveis nem mesmo para fins de energia civil. Isso coloca o país à beira de desenvolver capacidades nucleares que poderiam ser usadas para armamento.

As potências europeias estão fazendo pressão crescente sobre o Irã para recuperá-lo às negociações nucleares. Elas realizaram várias rodadas de discussões, incluindo uma técnica na semana passada, tentando estabelecer uma nova base de entendimento.

A urgência nunca foi tão grande: com a possibilidade de sanções reintegradas em outubro, os europeus esperam que o Irã se comprometa em agosto para poder negociar e incluir novas restrições no seu programa nuclear. O tempo é precioso, e os riscos de um confronto militar aumentam a cada dia.