Durante um encontro significativo em Kazan, na Rússia, os países membros do Brics, incluindo Brasil, China, Índia e África do Sul, emitiram uma poderosa declaração conjunta. Eles expressaram preocupação profunda com as recentes ações de Israel e destacaram a necessidade urgente de uma reforma abrangente nas Nações Unidas.

A declaração, que data de quarta-feira (23), enfatiza a visão do Brics sobre a escalada da violência na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, com milhares de civis sofrendo devido a ofensivas militares israelenses. O grupo se mostrou alarmado com a deterioração da situação humanitária, chamando a atenção para o deslocamento forçado de famílias e a destruição maciça da infraestrutura local.

Os Brics exigem um cessar-fogo imediato, o que permitiria a libertação de reféns considerados "mantidos ilegalmente". Embora a declaração não faça menção direta ao Hamas, que controla Gaza, a mensagem é clara na busca por uma solução pacífica. Além disso, o grupo criticou os constantes ataques israelenses a operações humanitárias.

Outra questão levantada foi a condenação de ataques que resultaram em mortes de civis no Líbano, exigindo que Israel respeite a integridade das operações da ONU no país. Israel, por sua vez, rejeita as alegações, alegando que suas ações visam combater o Hezbollah, que estaria utilizando áreas da ONU como bases para ataques.

Além de condenar as ações de Israel, os países do Brics alertaram para a necessidade de uma solução de dois Estados para o conflito israelense-palestino, enfatizando a convivência pacífica entre israelenses e palestinos.

O conflito na Ucrânia também apareceu na declaração, mas de forma breve, com apenas uma menção em meio a 134 pontos abordados. O Brasil reafirmou sua posição contrária à invasão russa, ressaltando a necessidade de o respeito à carta da ONU por todos os Estados.

Uma das pautas mais relevantes debatidas pelos Brics foi a necessidade de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU. O grupo argumenta que a atual estrutura deve ser reformulada para ser "mais democrática, representativa e eficaz", com aumento da representatividade de nações em desenvolvimento como o Brasil, que busca uma cadeira permanente no conselho.

Além disso, os Brics também destacaram a urgência de uma reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC), para garantir tratamento especial e privilegiado aos países menos desenvolvidos, visando uma relação comercial mais equitativa e justa.

Este encontro em Kazan representa uma oportunidade crucial para que os Brics se posicionem fortemente no cenário internacional, promovendo diálogos que busquem soluções pacíficas e reformas necessárias em organizações multilaterais, enquanto a comunidade global observa atentamente o desenrolar dessa dinâmica.