Brasil não precisa da Alada: Entenda por que a estatal aeroespacial é desnecessária
2024-11-03
Autor: Julia
O projeto de lei 3819/24, que visa a criação da estatal aeroespacial Alada, está parado no Congresso e levanta uma questão crucial: o Brasil realmente precisa dessa empresa? A resposta parece ser um sonoro 'não'.
É inegável que um programa espacial respeitável é vital para qualquer nação, especialmente em um mundo onde competidores como China e Índia estão fazendo avanços significativos. Enquanto esses países têm sucessos constantes com lançadores e ambiciosas missões para a Lua e Marte, o Brasil se vê estagnado, sem uma infraestrutura de lançamentos e com anseios modestos para exploração orbital.
Atualmente, enfrentamos a realidade de uma dependência crescente de tecnologias vindas do exterior, especialmente em áreas estratégicas como a aeroespacial. Recentemente, a SpaceX de Elon Musk demonstrou a força do setor privado nesse âmbito. No entanto, o que precisamos é de uma infraestrutura de base sólida, não de mais burocracia.
Os defensores da Alada, especialmente no Ministério da Defesa, argumentam que a estatal poderá reverter a inércia que assola o Brasil há décadas. Contudo, essa ideia é ilusória. O histórico de estatais como a Alcântara Cyclone Space, criada em 2006 em parceria com a Ucrânia, revela que, em vez de avanço, acabamos por ver um grande desperdício de recursos públicos. O projeto, que pretendia desenvolver o foguete Cyclone-4, consumiu bilhões e foi encerrado em 2015, com a empresa sendo fechada em 2018 após acúmulo de prejuízos.
Sob a proposta atual, a Alada seria uma subsidiária da NAV Brasil, a nova responsável pelos serviços de navegação aérea. O governo promete que essa nova estatal trará autossuficiência em materiais aeronáuticos e espaciais. No entanto, muitos especialistas acham isso risível, uma vez que estamos longe de desenvolver autonomia em tecnologia espacial.
Empresas como a Visiona, formada em 2012 como uma joint-venture entre Embraer e Telebras, têm demonstrado que modelos de integração não estatais podem trazer resultados mais eficazes, embora modestos. O Visiona iniciou seu projeto com o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), com investimentos altíssimos, mas ainda assim, permanece engessada em relação a inovações.
A verdadeira solução seria fortalecer as organizações já existentes, como a Agência Espacial Brasileira (AEB) e o INPE, que realmente têm potencial para gerar inovações no setor. É alarmante a situação da Avibras, que deveria proporcionar o desenvolvimento do VLM-1 (Veículo Lançador de Microssatélites) e, em vez disso, enfrenta sérios problemas financeiros.
Além disso, a criação da Alada parece ser parte de uma estratégia de lobby militar, o que realmente nos leva a questionar a necessidade de uma nova estatal. O risco é evidentemente criar mais um ralo de recursos públicos que será extremamente difícil de controlar ou reverter futuramente.
Em tempos onde a eficiência e inovação são essenciais, o Brasil deve repensar suas estratégias espaciais e, em vez de criar novas estatais, otimizar o que já existe. O futuro do Brasil no espaço não está em mais burocracia, mas sim em uma visão clara e colaborativa que aproveite o potencial do setor privado e das instituições existentes.