Na quarta-feira (15/1), o Banco Central (BC) gerou alvoroço nas redes sociais ao publicar um vídeo no Instagram e no X sobre a polêmica envolvendo o sistema de pagamentos Pix. O conteúdo foi acompanhado de uma insinuação direcionada ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), descrito como o “vacilão da fake.”

A postagem do Banco Central afirmou que não haverá modificações nas normas do Pix, reafirmando que o serviço continuaria a ser gratuito e que não há riscos de quebra de sigilo. No entanto, no interior do vídeo, uma parte da mensagem capturou a atenção: “Hora de ouvir umas verdades que o vacilão da fake não quer te contar, bebê.”

Advogados consultados pelo Metrópoles levantaram preocupações sobre a legalidade da postura do Banco Central, ressaltando que a instituição deve manter sua independência em relação ao governo. O especialista em Direito Público, Ariel Uarian, nota que a mensagem poderia ser interpretada como um uso político do canal oficial. Para Uarian, a situação evoluiu para um conflito político entre a situação e a oposição, comprometendo a imagem de independência do Banco Central.

Samuel Balduino, outro especialista em Direito Público e presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem da OAB-GO, concorda e argumenta que o princípio da impessoalidade pode ter sido violado, uma vez que o Banco Central usou uma linguagem que, segundo ele, pessoaliza um ataque a um parlamentar da oposição. “Isso mostra um desvio de comportamento institucional”, acrescentou Balduino.

Ambos os especialistas acreditam que pode haver algum tipo de responsabilização, mas isso requereria uma investigação mais aprofundada sobre a postagem. Eles destacam que órgãos de controle poderiam impor sanções, podendo até resultar em responsabilização por improbidade administrativa.

O Banco Central também aproveitou a oportunidade para abordar as fake news que têm circulado sobre o Pix, utilizando hashtags como #SaiDeMimFakeNews e #fakeNews. O deputado Nikolas Ferreira ganhou notoriedade nas redes após um vídeo crítico sobre o sistema viralizar, o que o colocou entre os assuntos mais pesquisados do dia.

Em resposta à polêmica, a assessoria de imprensa do Banco Central afirmou que a postagem “não faz referência a qualquer pessoa específica” e caracterizou a linguagem usada como informal e descontraída, típica das redes sociais. Eles esclareceram que o personagem BC Sincero foi criado para trazer um tom irônico e que essa abordagem se repete em outras publicações.

Essa situação levanta questões sobre a ética nas comunicações institucionais e como as instituições públicas devem se posicionar em relação à desinformação, especialmente em tempos de polarização política. As ações do Banco Central e a resposta da população deverão ser acompanhadas de perto, já que elas podem influenciar a percepção pública acerca da independência da instituição e da eficácia de seus serviços.