Após estouro da meta de inflação em 2024, confira as estratégias de Galípolo para controlar os preços
2025-01-11
Autor: João
Em um cenário desafiador para a economia brasileira, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, comunicou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, os fatores que levaram ao desacordo com a meta de inflação em 2024. O índice oficial de inflação, o IPCA, ultrapassou a meta de 3%, passando a ser impulsionado por uma série de pressões, principalmente no setor de alimentos, que registrou um aumento de 7,69%.
Além da desvalorização do real, que vem sendo um problema constante desde abril do ano passado, o clima adverso afetou negativamente a produção agrícola. Esses dois fatores juntos contribuíram para o aumento dos preços da gasolina, que subiu 9,71%, e do plano de saúde, que teve alta de 7,87%.
Desde o início da implementação do sistema de metas de inflação em 1999, esta é a oitava vez que a meta não é cumprida, levando o presidente do Banco Central a prestar explicações ao governo. Galípolo apontou que expectativas inflacionárias elevadas e um crescimento econômico mais robusto do que o previsto também foram fatores que exacerbam a situação.
A previsão do Banco Central é de um crescimento do PIB em 3,5% para 2024, em comparação ao que antes era esperado de apenas 2%. A taxa de desemprego, que atingiu um mínimo histórico, contribuindo para um mercado de trabalho mais aquecido, também teve seu papel nas tensões inflacionárias.
O presidente do BC destacou que a desvalorização cambial foi profundamente influenciada por fatores internos, com a sensação de incerteza em relação à gestão fiscal do país. A valorização do dólar no cenário internacional, especialmente em relação às expectativas de corte de juros nos Estados Unidos, teve danos colaterais, mas as ações domésticas são apontadas como as principais responsáveis pela alta dos preços.
Galípolo também alertou sobre os desastres climáticos, como secas e enchentes, que afetaram a produção de itens essenciais. As estimativas indicam que esses eventos climáticos impactaram diretamente em 0,38 ponto percentual na variação do IPCA em 2024.
Para tentar conter a inflação, o BC já começou a elevar a taxa básica de juros, a Selic, atualmente fixada em 12,25% ao ano. A expectativa é que novas elevações sejam implementadas, levando a Selic para 14,25%.
A partir de agora, o novo sistema de verificação das metas de inflação será contínuo, e as projeções indicam que o IPCA pode continuar a ultrapassar o limite superior da meta até pelo menos o terceiro trimestre de 2025. A necessidade de novos ajustes e medidas fiscais será crucial para o equilíbrio econômico nos próximos meses.
O ministro Rui Costa reconheceu a dificuldade desse cenário, atribuindo a alta da inflação a condições climáticas extremas e ressaltou a importância de fazer as aprovações fiscais necessárias pelo Congresso para estabilizar os índices econômicos. O governo está comprometido em buscar uma inflação dentro da meta em 2025.