Alerta: Primeiros casos de raiva em capivaras no litoral paulista surpreendem cientistas!
2024-11-07
Autor: Julia
Nos últimos anos, temos notado um crescimento alarmante no número de casos de raiva em animais silvestres, possivelmente ligado a distúrbios ambientais que desestabilizam o ecossistema dos morcegos, afirma Enio Mori, pesquisador do Instituto Pasteur e coordenador do estudo.
Os casos foram registrados na Ilha Anchieta, um parque estadual em Ubatuba, logo após uma reforma nas ruínas da ilha em 2019, que forçou os morcegos a deixarem seus abrigos temporariamente. Esse tipo de estresse nas colônias pode resultar em brigas, tornando possível a transmissão da raiva entre eles, o que, por sua vez, aumenta o risco para animais silvestres como as capivaras, revela Mori, professor na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
É importante destacar que a devastação florestal intensifica o problema. Com a diminuição de suas fontes naturais de alimento, os morcegos-vampiros são forçados a procurar outros mamíferos, incluindo animais domésticos e, em casos extremos, seres humanos. Isso eleva o risco de a raiva ser transmitida a novos hospedeiros.
Funcionários da Fundação Florestal, que administra o Parque Estadual da Ilha Anchieta, encontraram capivaras mortas e enviaram amostras de seus cérebros para o Instituto Pasteur. Este instituto faz parte de uma rede de laboratórios dedicada ao diagnóstico e vigilância epidemiológica da raiva, analisando materiais recebidos de centros de controle de zoonoses.
Inicialmente, foi feito o teste de antígenos para o vírus da raiva nas amostras, e todas as três situações testaram positivo. Em um passo seguinte, algumas amostras passaram por um teste confirmatório, onde o genoma do vírus foi sequenciado. Todas as análises mostraram a mesma variante verificada em morcegos-vampiros, indicando uma transmissão provavelmente por mordedura.
O último caso de raiva confirmado em capivaras no Brasil foi registrado em 1985 e, globalmente, um caso isolado foi relatado no norte da Argentina em 2009. Surpreendentemente, é a primeira vez que a variante viral é tipificada no Brasil.
Apesar de não haver relatos de transmissão de raiva para humanos através das capivaras, mordidas desses animais podem causar ferimentos severos. Não se sabe ainda se a saliva das capivaras contém o vírus, como nos morcegos, que são reconhecidos como reservatórios do patógeno.
A vigilância epidemiológica deve continuar ativa para decifrar o papel das capivaras no ciclo do vírus. É possível que sejam hospedeiros finais, sem transmitir a doença, mas precisamos de mais pesquisas para validar essa hipótese, conclui Mori.
A situação é preocupante e alerta para a necessidade de preservação dos ecossistemas e pesquisa contínua sobre a raiva e sua transmissão. Não fique alheio: a saúde da fauna silvestre e até mesmo da população humana pode estar em jogo!