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Alerta: Faculdades de Medicina Brasil enfrentam risco de superoferta!

2024-11-01

Autor: Gabriel

Uma frase célebre do médico e alquimista suíço Paracelso, "A diferença entre o remédio e o veneno está na dosagem", nunca foi tão pertinente para o cenário atual das faculdades de medicina no Brasil.

Em 2023, foram abertas impressionantes 6.300 novas vagas nos cursos de medicina no país, uma elevação de 18% em comparação com o ano anterior. Essa expansão ocorre apesar do Ministério da Educação ter endurecido as regras para a criação de novos cursos no início do ano, indicando uma corrida acelerada por instituições de ensino.

Contudo, esse crescimento desenfreado, que em princípio poderia ser encarado como um sinal positivo para as empresas do setor, começa a gerar preocupações sobre sua sustentabilidade econômica, conforme análises do BTG Pactual. O aumento no número de vagas não foi feito de forma tradicional: cerca de 3.500 delas foram criadas por meio de liminares judiciais, levantando questionamentos sobre a qualidade e a supervisão dessa oferta.

Faculdades têm utilizado estratégias jurídicas para pressionar o MEC, e uma decisão do STF fortificou essa prática, permitindo que cursos autorizados judicialmente permanecessem ativos, mesmo diante das novas diretrizes. Os analistas do BTG chamam atenção para sinais alarmantes, como a redução nos preços das mensalidades. Historicamente, os cursos de medicina eram capazes de ajustar suas mensalidades acima da inflação; mas agora, algumas instituições estão baixando os preços devido à dificuldade de preencher suas turmas.

Atualmente, enquanto a média das mensalidades gira em torno de R$ 10 mil, já é possível encontrar cursos pela metade do preço, por cerca de R$ 7 mil. Essa mudança de cenário gera apreensões sobre a viabilidade econômica das faculdades ao longo prazo, podendo afetar empresas listadas do setor de educação.

Além disso, o mercado de fusões e aquisições (M&A) entre faculdades de medicina está apresentando múltiplos abaixo da média histórica. Em 2023, os valores das transações variaram entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão por vaga, enquanto nos anos anteriores esses preços alcançavam R$ 2 a R$ 3 milhões. Para o BTG, essa situação pode abrir oportunidades para empresas que ainda não atuam nesse segmento, mas que estão de olho no potencial de crescimento futuro.

No entanto, a questão da qualidade dos cursos e a necessidade de um controle mais rigoroso sobre essa expansão tornam-se cada vez mais prementes. Há um clamor no setor educacional para que o foco se desloque da criação de novas vagas para a supervisão da excelência na formação médica.

Diante deste contexto desafiador, os analistas do BTG mostram-se cautelosos. Eles apontam que a alta exposição de algumas empresas ao setor, como Afya, Ânima e Yduqs, pode tornar essas mudanças mais ameaçadoras do que benéficas. A batalha por um espaço no mercado educacional está apenas começando, e a pergunta que fica é: será que a qualidade da formação médica conseguirá acompanhar essa explosão de ofertas?