Acordo de Paris e o futuro ambiental: Os perigos da reeleição de Trump
2024-11-06
Autor: João
Donald Trump foi reeleito presidente dos Estados Unidos, e sua vitória vem acompanhada de sérias preocupações para o meio ambiente. Conhecido por sua postura de apoio incondicional aos combustíveis fósseis e por uma abordagem contrária às regulamentações ambientais, a nova administração promete revogar diversas políticas de proteção ao clima.
Os Estados Unidos, sendo a maior economia do mundo e a segunda maior emissora de gases de efeito estufa, desempenham um papel crucial na luta contra as mudanças climáticas globais. Sociedades ao redor do planeta estão especialmente alarmadas com a perspectiva de que o governo Trump possa voltar a adotar medidas que foram responsáveis pela piora das emissões durante seu primeiro mandato.
"Trump sempre teve uma visão negativa em relação às políticas climáticas e possui um histórico de retrocessos significativos. Durante sua primeira administração, mais de 100 regulamentos ambientais foram revogados, levando a um aumento nas emissões de gases que causam o aquecimento global", comenta Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Durante seu primeiro mandato, as emissões de gases de efeito estufa, que estavam em queda durante os anos Obama, voltaram a aumentar - um reflexo direto das políticas flexíveis de Trump para a indústria de combustíveis fósseis. A revogação do Acordo de Paris em 2017, pacto global assinado em 2015 para limitar o aumento da temperatura do planeta, foi um dos passos mais criticados da administração.
As medidas de Trump, como a redução das exigências de eficiência de combustível para veículos, não apenas beneficiaram a indústria de combustíveis fósseis, mas também alarmaram estados como a Califórnia, que buscam limites de emissão mais rígidos.
O que podemos esperar agora?
Com a vitória de Trump, muitos especialistas preveem um retrocesso ainda maior nas políticas ambientais. Ele já declarou que pretende retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris novamente e reverter as iniciativas desenvolvidas pelo governo Biden para aumentar o uso de veículos elétricos e regulamentos de emissão. As implicações dessas decisões não se limitam aos EUA; países em desenvolvimento e aqueles que dependem de assistência ambiental poderão sentir as consequências.
Adriana Ramos, pesquisadora do Instituto Socioambiental, afirma que a reeleição de Trump representará um atraso significativo nos esforços globais contra as mudanças climáticas. "A liderança de um negacionista climático em um país tão poderoso coloca em risco todos os esforços que temos para enfrentar a emergência climática em um momento tão crítico", diz ela.
Impacto no Brasil e no Fundo Amazônia
O impacto da reeleição de Trump não será restrito às fronteiras dos EUA. O Fundo Amazônia, que depende de promessas de doações internacionais, pode ser severamente afetado pela nova administração. Os Estados Unidos tinham prometido 500 milhões de dólares ao fundo, mas até agora apenas cerca de 10% desse montante foi enviado. A expectativa é de que a COP, que ocorrerá em 2025 em Belém, também seja impactada negativamente.
"A eleição de Trump pode trazer um caos nas metas de financiamento e nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que definem as metas climáticas de cada país. Os EUA têm um papel fundamental nas decisões climáticas globais, e a liderança de Trump pode comprometer nossos esforços coletivos", conclui Astrini.
O que ocorrerá nos próximos anos sob a administração de Trump pode significar não apenas um retrocesso nas políticas de combate às mudanças climáticas, mas também um aumento nas emissões globais. É um momento crítico que demanda vigilância e ação de todos os países comprometidos com um futuro sustentável.