Recentemente, a ideia de que tossir poderia ajudar em casos de ataque cardíaco e parada cardíaca ganhou destaque nas redes sociais, mas é hora de desmistificar essa afirmação perigosa. A técnica chamada RCP (ressuscitação cardiopulmonar) induzida por tosse é originária de ambientes médicos muito controlados, como cirurgias cardíacas realizadas em hospitais. No entanto, a sua aplicação fora desse contexto é altamente questionável e não recomendada.

Um ataque cardíaco, comumente confundido com uma parada cardíaca, ocorre quando o fluxo sanguíneo para o coração é interrompido, geralmente devido ao acúmulo de colesterol e coágulos. Já a parada cardíaca acontece quando o coração deixa de bater de forma eficaz devido a problemas no seu sistema elétrico. A RCP pela tosse pode, em algumas situações, ter algum efeito em arritmias específicas, mas não deve ser considerada uma solução salva-vidas para ataques cardíacos ou paradas cardíacas totais.

Organizações de saúde de renome, como a American Heart Association e a British Heart Foundation, alertam que confiar em métodos não comprovados como a tosse pode atrasar o tratamento adequado durante uma emergência. Em vez de melhorar a situação, essa prática improvisada pode comprometer a vida de uma pessoa que precisa de intervenção médica imediata.

Mas por que a RCP pela tosse de repente ficou tão popular? O fenômeno viral nas mídias sociais geralmente se alimenta de conteúdos emocionais e impactantes. Uma sugestão simples como “tossir para se salvar” rapidamente chama atenção, mas pode desviar o foco do que realmente importa: a necessidade de agir rapidamente e com precisão em situações críticas.

Importante ressaltarmos que a desinformação sobre saúde está em alta, e, com isso, práticas duvidosas estão ganhando espaço. A confiança em métodos alternativos e não convencionais pode ser tentadora, mas muitas vezes não têm embasamento científico. Enquanto a tosse pode ter alguma eficácia em ambientes controlados, a realidade para o público em geral é muito diferente e potencialmente perigosa.

Diretrizes clínicas sempre enfatizam a importância de reconhecer os sintomas de um ataque cardíaco, chamar os serviços de emergência e realizar a RCP tradicional quando necessário. Além disso, os Desfibriladores Externos Automáticos (DEAs) são ferramentas valiosas que proporcionam melhores chances de sobrevivência durante uma parada cardíaca.

O ressurgimento da RCP pela tosse serve como um alerta importante sobre as lacunas na comunicação de saúde pública. A clareza nas informações é vital, pois, em situações de emergência, é o conhecimento confiável que pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

Então, o que fazer em caso de um ataque cardíaco ou parada cardíaca?

A resposta é direta: ligue imediatamente para os serviços de emergência e, se a pessoa não estiver respondendo e não estiver respirando, inicie as compressões torácicas a uma taxa de 100 a 120 por minuto até a chegada de ajuda profissional. Essa abordagem, orientada por práticas baseadas em evidências, é muito mais eficaz do que qualquer manobra improvisada.

As redes sociais podem ser potentes na disseminação de informações, mas é fundamental que os usuários as abordem com pensamento crítico. Antes de compartilhar ou seguir qualquer orientação médica, sempre verifique a fonte e o contexto.

Enquanto a ideia de tossir como forma de RCP pode atrair a atenção, a verdadeira realidade requer métodos comprovados e efetivos. A sua saúde e a de outros dependem de decisões informadas e da adoção de práticas que realmente salvam vidas.