Tecnologia

A Revolução dos Notebooks: Chip ARM Desafia a Dominação da Intel

2024-09-17

Autor: Matheus

Em novembro de 2020, a Apple fez um movimento audacioso ao abandonar os processadores da Intel, que havia utilizado por 14 anos. A empresa anunciou a adoção de seu próprio chip, o M1, que não apenas reduziu o consumo de energia, mas também elevou a autonomia de seus MacBooks para impressionantes 14 a 18 horas, dependendo do modelo. Esse foi um sinal claro de mudança no mercado de laptops, uma vez que a duração da bateria havia sido um ponto problemático desde a criação dos primeiros laptops nos anos 1980.

Entretanto, por mais revolucionário que fosse, o MacBook tinha um preço elevado, o que limitava sua adoção. Além disso, a Apple detinha apenas 10% do mercado global de laptops, enfrentando uma resistência significativa da concorrência, que ainda era dominada por PCs baseados em chips Intel e AMD. Livrando-se da liderança absoluta, outras fabricantes começaram a reação. A Intel, por exemplo, começou a adaptar suas CPUs para competir com a autonomia energética dos MacBooks, introduzindo núcleos de alto desempenho e núcleos de economia de energia. Mas, mesmo com a melhoria, os notebooks da Intel continuavam com autonomia modesta, muitas vezes não ultrapassando 8 horas.

Surpreendentemente, a Qualcomm, famosa por seus chips de smartphone, começou a explorar a possibilidade de utilizar processadores ARM em laptops. Esses chips têm uma arquitetura distinta que favorece a eficiência energética – um atrativo enorme para consumidores cada vez mais preocupados com a autonomia.

Os processadores ARM, que têm um repertório de instruções bastante restrito comparado aos x86 da Intel, consomem menos energia. Contudo, a transição para laptops ARM enfrentou um obstáculo: a maioria dos aplicativos Windows foi desenvolvida para a arquitetura x86, limitando o desempenho e a eficiência de máquinas mais novas que utilizavam chips ARM. Assim, a Qualcomm lançou o Snapdragon X, um chip que prometia mudar o jogo.

Os primeiros modelos com Snapdragon X, como o Dell Inspiron 14 Plus e o Lenovo Yoga Slim 7x, chegaram ao Brasil e foram testados. Ambos demonstraram significativo desempenho e durabilidade da bateria, rivalizando com os MacBooks. Embora apresentassem algumas limitações, como uma performance inferior em determinados softwares ainda não compatíveis com ARM, a maioria das aplicações populares já possuía uma versão adaptada.

Um aspecto interessante é o impacto do ex-engenheiro da Apple, Gerard Williams III, que fundou a Nuvia e lançou o processador Oryon, que prometeu proporcionar alta performance e baixo consumo de energia em PCs. A Qualcomm adquiriu a Nuvia por 1,4 bilhão de dólares, e, em 2024, a estratégia se concretizou com o lançamento do Snapdragon X, que utilizou essa tecnologia.

Os primeiros testes mostraram que a bateria do Dell Inspiron durou impressionantes 14 horas. O Lenovo Yoga 7x, com um design ainda mais focado em performance, conseguiu durar 12 horas e 22 minutos, mesmo usando uma tela OLED que consome mais energia. Isso demonstra não apenas um avanço técnico, mas também um aprimoramento significativo na experiência do usuário.

Os preços, no entanto, ainda são uma barreira. O Inspiron 14 Plus custa R$ 8.500, e o Yoga 7x, R$ 10.560. Embora esses valores sejam mais acessíveis do que os MacBooks, que começam em R$ 11 mil, ainda estão acima da média de notebooks comuns no mercado.

Além disso, a Intel não ficou parada. A empresa planeja lançar a série Lunar Lake, que promete um aumento significativo de desempenho e autonomia. Os novos chips vão combinar núcleos de alto desempenho com núcleos de eficiência energética, visando um avanço real na competição com chips ARM.

Esse movimento no setor de laptoĺs não é apenas sobre dispositivos; é o início de uma era em que a arquitetura x86 enfrenta e, possivelmente, terá que se adaptar a um novo paradigma ditado pelo aumento da demanda por eficiência energética e performance. Afinal, a revolução dos notebooks já começou e está ganhando força rapidamente!