Tecnologia

A Revolução das IA Popstars: Hits, Controvérsias e o Futuro da Música Artificial

2024-09-28

Estamos vivendo uma era em que as estrelas pop não são apenas humanas, mas também robôs. A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente nas músicas que ouvimos, e isso suscita uma série de questões: será que estamos chegando ao fim da criatividade musical?

Recentemente, a IA foi utilizada para criar uma versão robótica da famosa cantora brasileira Rita Lee. Seu filho, João Lee, pediu a um produtor chamado Testa que enviasse áudios de WhatsApp com trechos que faltavam em faixas. A IA reproduziu os versos com qualidade de estúdio, gerando músicas como "Crush Blogueirinha".

Apesar do fascínio que a tecnologia traz para alguns, muitos vêem o uso da IA na música como uma ameaça ao trabalho humano. Entre os defensores da IA, João Lee acredita que usar a voz de sua mãe para transformar composições antigas em novas obras é um avanço criativo.

Um dos primeiros hits globais gerados por IA foi um controverso dueto entre The Weeknd e Drake, que viralizou no TikTok. Este remix não autorizado foi ouvido mais de 10 milhões de vezes antes de ser removido. Em contrapartida, Mauricio Bustos, um criador chileno, assumiu a responsabilidade pela sua música "NostalgIA", que misturava vocais de IA com suas letras originais e alcançou o top 20 do Spotify espanhol.

Neste novo cenário, artistas renomados também estão se posicionando. Bad Bunny, por exemplo, criticou a música de Bustos, enquanto a cantora Bad Gyal a elogiou, mostrando como a repercussão sobre a IA pode ser polarizada dentro da própria indústria musical.

As gravadoras também estão lidando com as consequências do uso de IA. Nos Estados Unidos, a disputa legal contra plataformas como Suno e Udio se intensificou. Essas plataformas criam músicas inteiras a partir de modelos de IA utilizando todas as músicas disponíveis na internet, levantando preocupações sobre direitos autorais.

A cantora Marisa Monte se tornou uma voz ativa nesta luta, defendendo a necessidade de uma legislação que proteja os direitos dos artistas e assegure um ambiente equilibrado para todos. Ela participou de uma audiência do Senado sobre o assunto, enfatizando a importância de proteger a essência da música e suas raízes humanizadas.

Além disso, a tecnologia já é utilizada por muitos artistas para melhorar suas produções. O produtor Wallace Vianna, conhecido como Hitmaker, usa a IA para testar como certas frases ficariam na voz de um cantor antes de serem gravadas, agilizando o processo criativo.

Um exemplo marcante é o sucesso "Saudade", que foi webrado usando a voz clonada de Anitta. Em algumas ocasiões, os artistas optam por utilizar a voz artificial para evitar atrasos nas gravações, como no caso de Pocah durante a produção da faixa "Venenosa".

O fenômeno das IA popstars não para por aí. Na internet, criadores anônimos estão introduzindo personagens fictícios totalmente gerados por IA, como a cantora Makaka, que já acumula 450 mil plays no Spotify, desencadeando uma nova onda de artistas animados virtuais.

Entretanto, nem todos estão otimistas sobre o futuro da música com a IA. O produtor Felipe Vassão acredita que a IA pode ser excelente para músicas mais funcionais, mas que sua capacidade de inovar é limitada, dependendo sempre da criatividade humana.

Enquanto isso, cada vez mais artistas e produtores experimentam integrar a inteligência artificial em seus processos criativos. Será que estamos diante de uma nova era da música, onde a colaboração entre humanos e máquinas redefine o que entendemos como arte? A verdade é que a IA na música está aqui para ficar, e a discussão sobre seu impacto apenas começou.